O Jogo

“Os 15’ finais foram uma eternidade...”

Jogador do Vila Real foi herói de uma “final” na qual o clube do coração se salvou da descida, ao marcar o único golo

- HUGO LOPES

Alvinegros estavam, antes da última jornada, em zona de perigo. O extremo, regressado após sete épocas e com experiênci­a na Champions e Liga Europa, imaginara uma caminhada diferente

Filho da terra e formado no clube, André Azevedo marcou (75’) o golo do triunfo ante o Pedras Rubras, na última ronda da série C, e respirou de alívio ao ver o Vila Real escapar à despromoçã­o.

Dado o cariz do jogo, que ambiente se viveu antes de subir ao relvado?

—O míster tirou-nos peso dos ombros e pediu-nos para desfrutar. Mas cada jogador sentiu muita ansiedade. Há sempre um nervoso na barriga. Era essencial controlar as emoções para não perder a noção do que fazer e não deixar de confiar. À medida que o tempo passava, os nervos apoderaram-se da equipa?

—Com o marcador a zeros, estávamos menos nervosos face à altura em que ficámos a vencer. Não tornámos o jogo mais difícil, mas os nervos e a ansiedade tomaram conta de nós, contrariam­ente ao que o míster pediu. Os 15’ finais parecem ter durado uma eternidade, mais que os restantes 75 .

Sem o seu golo, o Vila Real teria descido. Terá sido o mais especial da carreira?

—Este foi o mais relevante em termos sentimenta­is. Enche-me de orgulho. Senti que foi um momento bom para mim, para o clube e para a cidade e fico contente por ajudar e ficar na história do clube.

Esperava uma época tão adversa e com esta aflição?

—Éramos das três melhores equipas da série a jogar, mesmo com um plantel quase todo novo, treinado resistem atá tico diferentes, pois trabalhámo­s muito. Merecíamos mais pelo futebol praticado, a pandemia trouxe muitas dificuldad­es, obrigou-nos a paragens, a ter poucos suplentes… Sem isso, a equipa podia ter ficado nos cinco primeiros.

Como vila-realense, como é servir o clube da terra?

—Tenho um carinho muito grande. É importante para mim, com 30 anos, ser visto como exemplo para muitos jovens que já me confessara­m querer seguir os meus passos como jogador e cidadão.

Saiu em 2013 e regressou em 2020. Como vê o clube atualmente?

—Parou em alguns aspetos que precisam de evolução. Está algo desligado da cidade e faltam apoios. Mas melhorou a nível diretivo. Há que trabalhar ainda mais para consolidar o clube nesta prova.

Esteve, de 2017 a 2020, na I Liga de Andorra, no Santa Coloma. Que nível competitiv­o encontrou?

—Não tem uma grande exigência. Comparo-a ao Campeonato de Portugal. É competitiv­o,as equipas trabalham bem, apesar de serem poucas e, por isso, tem curta duração. Nunca imaginei ficar lá tanto tempo, mas a oportunida­de de disputar competiçõe­s europeias e ser campeão nacional, fez-me permanecer.

Imaginou disputar jogos de apuramento da Liga Europa ou da Champions?

—Nem sabia que as equipas de Andorr atentavam apurar separata is provas. Admirei me e vi que seria uma oportunida­deúnica. Enriqueceu-me muito e serviu de prémio já que não cheguei, e tanto ambicionei, a uma liga profission­al. Continuo na luta.

“Percebi [ que atuar em jogos de apuramento da Liga Europa e da Champions] era uma oportunida­de única. Serviu de prémio por não chegar a uma liga profission­al”

André Azevedo Extremo do Vila Real

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André Azevedo voltou ao Vila Real depois de ter jogado em Andorra

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