Motivação de inspetora questionada por colega
Carlos Cabreiro, coordenador da unidade de cibercrime da PJ, disse ontem em tribunal que não percebeu o modus operandi da inspetora Aida Freitas
Operação policial para vigiar um encontro entre representantes da Doyen e Aníbal Pinto, sem conhecimento deste, na área de serviço da A5, em Oeiras, fez pelo menos uma vítima no interior da PJ
A Polícia Judiciária abriu um processo disciplinar à Inspetora Aida Freitas na sequência do depoimento desta no julgamento do caso Football Leaks, contou ontem em tribunal, Carlos Cabreiro, coordenador da Unidade de Combate ao Cibercrime (UNC3T) da Polícia Judiciária (PJ).
Aida Freitas confessara em tribunal que tinha assinado sem ler o Relato de Diligência Externa (RDE) da operação de vigilância do encontro entre Nélio Lucas (Grupo Doyen) e Aníbal Pinto (advogado de Rui Pinto), na área de serviço da A5 em Oeiras, a 22 de outubro de 2015. A então inspetora da UNC3T esteve presente na área de serviço, assim como outros elementos da PJ, sem que Aníbal Pinto tivesse conhecimento.
“Não consigo analisar a motivação da senhora inspetora. Nunca tinha visto uma atuação deste tipo. Pouco profissional, no mínimo”, comentou Carlos Cabreiro a propósito de Aida Freitas. “Não consigo perceber a motivação dela. Não é comum. Em 29 anos, nunca tinha visto um episódio desta natureza”, acrescentou, explicando depois que, na sequência do caso, Aida Freitas chegou mesmo a ser transferida de departamento. “Mudou para a área do combate à corrupção, por volta de 2018, para algo relacionado com moeda falsa, creio eu. Foi a pedido dela, mas houve alguma tensão com as chefias e creio que isso é que motivou a saída dela”, disse, afirmando que as tensões foram “com o inspetor-chefe e com outro inspetor”. “Estava a tornar-se insustentável o grupo de trabalho”, concluiu Carlos Cabreiro.