ANGÚSTIA PARA O JANTAR... COM AZEITE GALLO
SURPRESA Águias desinspiradas escorregam e chocam contra a audácia e o rigor da equipa de Barcelos. Veículo encarnado da recuperação pode ficar sem arranjo...
Mantendo o 3x4x3, o Benfica esteve longe de o ser e não se entendeu com a organização minhota, que manejou com mestria a faca da transição. Reação foi tardia e a derrota dificulta tudo no pódio
De volta às más exibições e aos piores resultados, o Benfica despistou-se e volta a ver-se em apuros: o topo é uma miragem, com o Sporting a 12 pontos, e o segundo lugar complica-se caso o FC Porto vença hoje. Uma surpresa para quem via o Benfica chegar à Luz depois de demolir o Paços na Capital do Móvel, trazendo seis vitórias consecutivas nos galões na Liga NOS e mais de dois meses sem sofrer golos. Galhardo, seguro, concertado, o Gil Vicente não seguiu o guião e desviou a águia da rota da recuperação.Restasaberoquanto.
A turma de Jorge Jesus manteve o 3x4x3 ante um Gil que, em 4x3x3, entrou bem, sem tremeliques, com bola e a conseguir aparecer no último terço encarnado. O Benfica segurou-se e fez girar o jogo para atrair o adversário, que defensivamente se reconvertia, fechando em duas linhas de quatro elementos, além dos dois avançados, conseguindo forçar o erro encarnado para depois contragolpear – Vítor Carvalho
rematou por cima aos 15’ no primeiro pontapé ameaçador. O Benfica, de novo avisado, seguia arrastado, sem criar ruturas na procura de um espaço, pese a insistência e a ameaça da turma de Barcelos na transição – a coisa corria bem aos gilistas, ante um anfitrião sem rasgo.
E o pior para os encarnados veio aos 35’ na forma do pé esquerdo de Léautey: 0-1! Agora sim, a estratégia ganhava expressão no marcador. O Gil suportava o Benfica, saía sem que a oposição o importunasse e ganhou-lhe as costas na largura a ponto de assumir vantagem. Havia pouco Benfica. Muito pouco.
A segunda parte era mais do mesmo. O Benfica, agora em 4x4x2 com Lucas Veríssimo a dar lugar a Everton, a tentar projetar-se sobre o adversário e os minhotos no veneno da transição – Lourency e Pedro Marques rondaram o 0-2 aos 49’ e 57’, respetivamente. Jorge Jesus fartou-se e colocou Pizzi e Darwin (ver caixa). O Benfica ganhou sangue nos olhos e passou a apertar finalmente com o adversário. O assédio ao último terço adensou-se, as águias criaram (e esbanjaram...) ocasiões com toda a cara de golo e o Gil viu-se finalmente encurralado, a deixar de sair. O Benfica desencadeava ataques de todas as direções e a coisa ganhou até foros de tiro ao boneco, mas a bravura dos nortenhos a defender na última linha foi notável. A voz desesperada de Jesus ecoava por uma Luz vazia, com Ricardo Soares a refrescar com as entradas de Fujimoto e Samuel Lino. E, quando já mal saía, o Gil foi letal. Num dos esparsos contraataques na etapa final, Lourency finalizou uma “masterclass” em contra-ataque: 0-2.
Desesperado, o Benfica voltou à carga e conseguiu reduzir. Sem nunca perderem o pé, os nortenhos voltaram ao modo resiliente e aguentaram mais pernas frescas do adversário até aos 90’, mais os seis minutos de tempo extra. Com arreganho e com felicidade, até porque Otamendi ia empatando no último lance. Águias da Luz punidas, galos de Barcelos premiados. Justamente.