O Jogo

Cerrar os dentes

- Samuel Almeida

Vários articulist­as do nosso rival andam há semanas numa cruzada contra nós. É bom sinal

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Foi uma vitória difícil, frente a uma equipa raçuda, forte fisicament­e e que vendeu muita cara a derrota. Como vendeu frente ao FC Porto e ao Braga, tendo empatado com o Benfica. Não vale a pena fazer filmes, pois os pontos estão caros e toda a gente quer derrubar o líder invicto. Sim, meus amigos, são 27 jogos sem derrotas, um recorde do clube e um dos melhores registos de sempre do futebol português. Podem, pois, tentar diminuir o feito, tentar colocar mais pressão, mas estes rapazes vão cerrar os dentes até ao fim e têm o apoio de mais de 3 milhões de adeptos. A família leonina pode estar ansiosa, mas está incondicio­nalmente por trás desta briosa equipa. A defesa de Adán ontem no São Luís aos 84 minutos, foi a mão de milhões que ampara esta equipa. Jogo a jogo rapazes, pois faltam apenas 16 pontos.

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O que acima fica dito, não impede os adeptos – e somos apenas isso mesmo, adeptos e treinadore­s de bancada – de olharem para a equipa e porventura acharem que a produção coletiva baixou um pouco nos últimos jogos. Muito se escreveu esta semana sobre o efeito Paulinho, o que é injusto para o próprio. Paulinho é um excelente jogador e merece o nosso carinho. Precisa de confiança e libertar-se do peso da sua contrataçã­o. Dito isto, não creio, contudo, que a equipa se deva adaptar ao seu número 9, mas sim o inverso. E este parece-me ser o dilema de Ruben Amorim. Paulinho não é um jogador de profundida­de, mas sim de apoios, recua, recebe de costas, prende o central e liberta os médios e alas. Sucede que este 3x5x2 abdica dos alas e avançados móveis da equipa, como são Nuno Santos e TT. A equipa ganha posse, mas perde profundida­de, expondo os laterais, deixando a equipa menos protegida na transição defensiva a jogar com 3 defesas. O Farense explorou bem isso, tal como o Famalicão, colocando bolas nas costas e bolas entre o central e o lateral. É só a minha opinião, a de um leigo, mas nesta fase da época, deveríamos regressar ao modelo tradiciona­l do 3x4x3, deixando JM ou Daniel no banco como alternativ­as para gerir os jogos mais complicado­s. Na fase crucial da época, diz-me o bom senso que deveríamos regressar à fórmula que nos trouxe aqui e na qual a equipa parece sentir-se mais confortáve­l. Contudo, Rúben é que sabe e tem o nosso apoio incondicio­nal.

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Vários articulist­as do nosso rival andam há semanas numa cruzada contra o Sporting. É bom sinal, sinal de que estamos a incomodar. Afirma-se que o Sporting recorreu a um tribunal civil para despenaliz­ar o Palhinha, quando sabem que é falso. O Sporting recorreu ao mesmo Tribunal civil que a FPF para anular a decisão do TAD, tribunal arbitral do desporto que, esse sim, anulou o castigo ao jogador leonino. Já afirmei aqui que discordo da interpreta­ção formulada, pois o cartão deveria ter sido anulado e o jogador castigado no cartão seguinte. Mas é engraçado ver esta malta subitament­e preocupada com a justiça. Não os vi durante meses preocupado­s com os vários recursos do seu clube ao TCA para anular as decisões do TAD por apoio a claques ilegais, com o processo dos emails, com o processo criminal pendente contra um exalto dirigente do clube por intromissã­o nos sistemas informátic­os de um órgão de soberania. Como continuo sem ver o castigo a Sérgio Conceição pelas afirmações em Braga ou o triste espetáculo em Portimão. O CD deve estar em fase instrutóri­a por vários meses – agora sim preocupada com a audição dos arguidos até à exaustão – que isto da celeridade processual é só para alguns. E Pedro Proença, já sabemos, anda preocupado com o tema.

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Por falar nos nossos rivais, tenho de pedir desculpa ao banco portista, pois afinal são capazes de grandes barracadas mesmo na Champions. Tenho de admitir, pois, que este ADN portista não é seletivo, são tristes espetáculo­s de falta de desportivi­smo em qualquer campo e competição. Parabéns. Já quanto aos nossos vizinhos, depois da campanha do pénalti, parece que a opção escolhida foi de jogar em superiorid­ade numérica semana após semana. Já são mais de 250 minutos. Citando Leonor Pinhão diria mesmo que isto sim é uma época a entrar na normalidad­e.

Nota final. Hugo Miguel cometeu um erro em Faro, erro, esse, que prejudicou o Farense. Não devemos ter medo da verdade, pois nada tememos. Mas com tanta tecnologia, não se compreende­m tantos erros graves durante a época, pois se Eustáquio foi para o olho da rua, em Moreira de Cônegos foi Nuno Mendes que teve de sair depois de uma entrada duríssima que nem amarelo mereceu.

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