O Jogo

LUÍS FILIPE VIEIRA

FICA EM PRISÃO DOMICILIÁR­IA ATÉ PRESTAR CAUÇÃO EXIGIDA PELO TRIBUNAL

- PEDRO MIGUEL AZEVEDO

O juiz Carlos Alexandre mandou o dirigente para casa sem vigilância mas obrigou-o a entregar o passaporte, a não contactar os outros arguidos (excepto o filho), assim como administra­dores da SAD e do NB

Luís Filipe Vieira deixou ontem à noite o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) conduzido pela polícia para cumprir prisão domiciliár­ia até que, no prazo de 20 dias segundo despacho do juiz Carlos Alexandre, proceda à prestação de caução no valor de três milhões de euros. Apenas nessa altura o autosuspen­so presidente do Benfica e principal suspeito no processo “Cartão Vermelho” ficará livre, ainda que sujeito a outras limitações aplicadas: está proibido de contactar com os outros arguidos, excepto Tiago Vieira (por ser seu filho), também não podendo contactar Nuno Lopes, António Rodrigues de Sá, Vítor Machado, José Gouveia, Diogo Chalbert Santos, Vítor Fernandes, assim como qualquer administra­dorda S AD do Benfica, do Novo Banco ou algum funcionári­o dessa entidade bancária. Vieira está, ainda, proibido de viajar para o estrangeir­o e terá de entregar o respetivo passaporte.

Carlos Alexandre deixou Vieira sair sem pulseira eletrónica nem vigilância neste período, algo que o advogado do dirigente valorizou. “[A decisão] evidencia que confia que Luís Filipe Vieira ficará na sua residência”, disse Magalhães e Silva à saída do tribunal. Até apresentar a caução, em numerário, títulos ou hipoteca de imóveis, Vieira tem de ficar em casa sob pena de ser de novo detido.

Os restantes arguidos, foram também todos autorizado­s a regressar a casa com iguais ordens de Carlos Alexandre, diferencia­ndo-se nos valores da caução: dois milhões de euros para José António dos Santos, o “rei dos frangos”, 600 mil para Tiago Vieira e 300 mil para o empresário de futebol Bruno Macedo.

Após três noites nos calabouços do Comando Metropolit­ano da PSP de Lisboa, Vieira chegou a casa, dentro de uma viatura policial e sob forte escolta, às 21h40, onde tinha a família à espera. Antes, o empresário passou o dia no TCIC a ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre durante cerca de cinco horas, ele que foi o último dos arguidos do processo “Cartão Vermelho” a prestar esclarecim­entos dos indícios que o Ministério Público lhe apontou. “As explicaçõe­s que Vieira deu, do meu ponto de vista, ilibam-no integralme­nte”, afirmou Magalhães e Silva durante a tarde, ele que achou as medidas de coação finais exageradas: “Estas medidas são manifestam­ente excessivas face ao que está na indiciação, onde não estão factos que constituem um crime. Faz pouco sentido que um homem de 72 anos, com família constituíd­a aqui, tivesse um segundo de tentação de fugir para o estrangeir­o devido a isto.”

O antigo presidente do Benfica foi um dos quatro detidos na quarta-feira no âmbito do processo coordenado pelo Departamen­to Central de Investigaç­ão e Ação Penal, que emitiu 44 mandados de busca por poderem estar em causa “crimes de abuso de confiança, burla qualificad­a, falsificaç­ão, fraude fiscal e branqueame­nto de capitais”. A investigaç­ão incide sobre negócios e financiame­ntos suspeitos, superiores a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado, o Novo Banco e o Benfica.

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