Duelo pela sucessão ao trono de Portugal
Novo campeão europeu será coroado hoje em Wembley
Portugal, que cede hoje o título de campeã a ingleses ou italianos, teve um peso determinante na queda dessa tradição, ao perder a final de 2004 diante da Grécia e ao festejar em França, há cinco anos
Nas 15 edições do Europeu disputadas até agora, apenas três foram ganhas por países organizadores. E todas há mais de 30 anos, com a última delas a ter lugar em 1984, quando a França se impôs numa final frente à Espanha, vencendo por 2-0 em Paris. Hoje, em Wembley, a Inglaterra vai tentar retomar a tradição perdida, numa final caseira frente à Itália. Em 35 anos, é apenas a terceira vez que o país que recebe a final tem oportunidade de fazer a festa.
Até ao triunfo gaulês de 1984, só na década de 60 os países organizadores tinham ganho Europeus, o que se verificou em 1964 (Espanha) e em 1968 (Itália). Depois disso, o favoritismo caseiro caiu quase sempre por terra antes da grande final. Duas foram as exceções e ambas com a ainda campeã europeia Portugal como protagonista: na final de Lisboa em 2004, um golo de Charisteas deu o triunfo à Grécia (1-0), enquanto em 2016 foram os lusos a fazer a festa em Paris, batendo a França com o famoso golo de Éder.
Nos Europeus, os três triunfos citados equivalem a 20
20%
Anfitriões venceram 20% das edições do Euro, média inferior à de Mundial, Copa América, CAN e Taça da Ásia
por cento dos torneios (um em cada cinco), o que significa que neste continente há um peso menor do fator casa. Nos Mundiais, o valor é de 28 por cento (seis vencedores em 21), na Copa América é de 29, na CAN de 34 e na Taça da Ásia de 41 por cento, com sete vencedores em 17 edições.
Mas se lermos os números por outra perspetiva, podemos verificar predominância do fator casa ao nível das finais, uma vez que, analisando os maiores torneios continentais, das 38 vezes em que os organizadores do torneio foram finalistas, perderam apenas em nove ocasiões. E a maioria delas quando o adversário já era considerado favorito, como ocorreu com a Suécia frente ao Brasil na final do Mundial’58.
Em Mundiais, aliás, só duas vezes o organizador foi à final e perdeu – a outra ocorreu no chamado “Maracanaço”, com o Uruguai a derrotar o escrete no Rio de Janeiro, em 1950. Na Copa América só uma vez um finalista caseiro perdeu (Bolívia em 1997, contra o Brasil) e, na Ásia, houve duas desfeitas (da China, em 2004, contra o então favorito Japão) e dos Emirados Árabes Unidos, em 1996, diante de uma Arábia Saudita teoricamente superior.