GUERRA E PAZ
RUI COSTA ANUNCIA ELEIÇÕES NO BENFICA ATÉ FINAL DO ANO, NO DIA EM QUE SPORTING E INTER PERDERAM AS ESTRIBEIRAS POR JOÃO MÁRIO
Direção quer tempo para tratar da Champions e do mercado
Médio ex-Sporting rescindiu com os milaneses e assinou até 2026
Oficializado de manhã, treinou logo às ordens de Jorge Jesus. Clube de Alvalade, onde foi formado e de onde se transferiu para o Inter, contesta processo. Especialista vê caso difícil para os leões
Um dia depois de rescindir contrato com o Inter, João Mário vinculou-se ao Benfica, assinando até 2026. Anunciado como reforço encarnado logo cedo pela manhã, o internacional português vê a sua transferência para a Luz envolvida, no entanto, em polémica. Isto porque o Sporting entende ter direito a uma compensação, nova lorde 30 milhões de euros, pelo regresso do atleta a Portugal e, contestando o processo, promete ir até às últimas instâncias (ver peça na página ao lado).
No meio de uma guerra que conta com Sporting, Inter e Benfica, João Mário, agora jogador das águias, grande rival do clube onde se formou e onde jogou em 2020/21, já treinou às ordens de Jorge Jesus. Novo sócio do Benfica, número 268640, o centrocampista reviu o técnico com quem trabalhou no... Sporting, cumprimentando-o com um forte abraço, mas apesar de já estar no relvado ficou de fora no particular vespertino (0-0) com o Belenenses.
Procurando agora ganhar ritmo para estrear-se de águia ao peito, ainda que em jogo de preparação, sexta-feira, com o Casa Pia, João Mário promete dar início a um caso nos tribunais, face à contestação leonina. Gonçalo Almeida, advogado especialista em direito desportivo, ressalva a O JOGO que “o Sporting, tendo suspeitas, terá agora de procurar fazer prova que esta é uma rescisão amigável simulada e que existirá uma compensação futura entre o Benfica e o Inter”. No entender do causídico, “uma eventual compensação” a favor dos leões será apenas “por não ter podido exercer o direito de preferência” estabelecido aquando da transferência do médio para Itália. “O acordo de transferência entre Sporting e Inter não contempla nada relativamente a cláusulas antirrivais. Consta uma cláusula a consagrar o direito de preferência. Não vejo que o Sporting tenha razão. Está a confundirse um direito de preferência com uma cláusula antirrival no que diz respeito à ligação de João Mário com o Inter. E essas cláusulas são nulas”, afirma Gonçalo Almeida, considerando “30 milhões de euros um valor desproporcionado”, defendendo que nenhum tribunal “iria dar esse valor” e frisando que “após a rescisão de João Mário o acordo entre Inter e Sporting já não se aplica”.
Explicando que “o Benfica nada tem a ver com a questão”, o advogado admite que
“no acordo de rescisão entre João Mário e o Sporting tenha ficado estabelecida uma cláusula a responsabilizar o jogador a pagar uma compensação ao Sporting na eventualidade de, num prazo específico, voltar a Portugal para um dos rivais”. Defende, porém, que “essa cláusula é nula”. “Aí será uma questão a analisar”, diz, comentando a rescisão de contrato do médio com o Inter, que os leões consideram ser um “expediente” para fugir ao pagamento da indemnização de 30 M€. “É um negócio legítimo, uma gestão desportiva. O Inter, como nenhum clube, não pode forçar um jogador a assinar por outro, também pode ter pensado que ao transferi-lo para o Benfica corria o risco, em face da interpretação, de pagar uma compensação milionária”, afirma, acrescentando: “A meu ver, o Inter não corre risco de pagar 30 M€. Ainda assim, e porque o direito não é uma ciência exata, admito que tenha decidido, para evitar correr riscos, avançar para a rescisão, poupando no salário do jogador.”
“O Sporting terá de fazer prova que esta rescisão é amigável e simulada e que existirá uma compensação futura entre Benfica e Inter. Entre Sporting e Inter não há cláusula antirrival, mas sim de preferência”
Gonçalo Almeida Advogado especialista em direito desportivo