CICLO DE RENOVAÇÃO OLÍMPICA
JOGOS OLÍMPICOS O resultado dos irmãos Costa no Mundial cria expectativas, mas eles são estreantes em Jogos e, em Tóquio, serão os mais jovens na frota de 470
A vela procura uma nova geração para suceder a nomes de peso a nível mundial. Nos Jogos deste ano, Costa/Costa e Carolina João estreiam-se. Lima/Costa querem superar o Rio’16
Portugal terá nos Jogos Olímpicos de Tóquio (23 de julho a 8 de agosto) cinco velejadores distribuídos por três embarcações. Jorge Lima/José Costa, dupla da classe 49 er,éa mais experiente, está inserida numa frota rápida e muito competitiva em condições duras e tem argumentos para atacar otop 10, cinco anos após o 15.º posto no Rio de Janeiro. Os irmãos Pedro e Diogo Costa, em 470, e Carolina João, em Laser Radial, são estreantes olímpicos e uma incógnita, apesar da recente medalha de prata no Mundial obtida pela tripulação portuense poder ser um bom indício.
“É difícil apontar a resultados”, começa por afirmar Luís Rocha, diretor técnico nacional (DTN), referindo: “Vamos para um local com elevado nível de imprevisibilidade. No Japão ocorrem tufões com frequência e isso altera as expectativas”. O campo de regatas, em Enoshima, a 53 km de Tóquio, tem um mar “parecido com o de Cascais, com alguma vaga e bastante vento”, os portugueses já nele entraram em 2020, no test event habitualmente realizado para reconhecimento, por isso Luís Rocha sublinha: “Vamos preparados para todas as condições”.
Depois de uma fase de instabilidade diretiva e financeira, em que a Federação Portuguesa de Vela chegou a ter a Utilidade Pública suspenso, por não ter adequado os estatutos ao Regime Jurídico das Federações Desportivas, voltou à presidência, em outubro de 2016, António Roquette, que já tinha dirigido o organismo entre 1991 e 2001. Com ele, a federação tenta “redimensionar o investimento num desporto de competição exigente e de custos avultados”, como explica o DTN, face a uma frota pequena, em que as medalhas olímpicas não são prioridade. “Estamos numa fase de retoma e com velejadores de qualidade. Temos investido na formação de treinadores, nos quadros competitivos e a nossa esperança é, nos próximos anos, renovar a equipa olímpica, o que é algo difícil, depois de termos tido uma geração muito forte”.
Suceder a nomes como Álvaro Marinho, Hugo Rocha, Nuno Barreto, DiogoCayol la, João Rodrigues, Gustavo Lima, para nomear alguns, não é tarefa simples e levará tempo. Portugal tem 3400 federados e prepara novas gerações de velejadores para lá de Tóquio, já com 2024 no horizonte e Eduardo Marques aparece, por exemplo, como um dos jovens a lançar em Laser, classe em que Gustavo Lima, irmão de Jorge Lima, foi a principal figura durante anos, tendo sido campeão mundial e detendo três diplomas em Jogos (em Pequim’2008 foi quarto, ficando às portas do bronze).
Analisando as hipóteses em Tóquio, Luís Rocha anota: “A Carolina João foi a última a ser apurada. Ir aos Jogos Olímpicos é uma grande vitória para ela, que irá fazer o melhor e tentar superar-se”. A estudante de engenharia química é a primeira a entrar em competição (dia 25). “A dupla do 49er já tem várias medal race e entrar nesse lote nos Jogos seria um grande êxito. Eles já mostraram que são capazes de nos surpreender”, avança o DTN, finalizando com os vice-campeões do Mundo: “No Mundial, os irmãos Costa estiveram acima das expectativas. Acreditávamos que pudessem ficar dentro dos dez primeiros, mas não sabíamos o
verdadeiro nível, pois até ao Mundial treinava-se muito, mas competia-se pouco, devido à pandemia. Em Tóquio, podemos dizer que os irmãos Costa têm o grande objetivo de ficar nos dez primeiros e disputarem a medal race. O 470 é forte a andar com vento mais fraco, mas tem vindo a melhor com vento mais forte”.