O navegador solitário de kite até às Caraíbas
Francisco Lufinha vai atravessar o oceano Atlântico numa embarcação preparada para quase sete mil quilómetros
O “KITEBOAT”
FOI ESPECIALMENTE CONSTRUÍDO PARA ESTA LIGAÇÃO ENTRE LISBOA E AS CARAÍBAS
O kitesurfer Francisco Lufinha vai atravessar o oceano Atlântico em modo solitário, de Lisboa às Caraíbas, num percurso de 6.700 quilómetros, sem paragens, a partir de novembro
“Esta aventura é o desafio mais arrojado que eu já desenvolvi até hoje. A ideia consiste em desenvolver um barco à vela que seja reutilizado e adaptado para ser puxado por um kite, que é minha especialidade, o kitesurf ”, explicou Francisco Lufinha em declarações à agência Lusa.
O desafio “mistura o kitesurf com a vela” e o atleta de 37 anos vai fazer uma “travessia do Atlântico em solitário” num kiteboat (pequena embarcação), “sem qualquer barco de apoio”.
“A ideia é ir de Portugal para as Caraíbas, uma travessia do atlântico de cerca de 3.600 milhas náuticas que são mais ou menos 6.700 quilómetros. Direto, sem paragens, sozinho”, explicou, sobre a EDP Atlantic Mission. O barco, construído de propósito para a expedição, tem “três cascos para ser mais leve e mais rápido” e será movido com a “força do vento”.
Francisco Lufinha prevê iniciar a viagem durante o mês de novembro, uma vez que os ventos no Atlântico norte “são mais estáveis” naquela altura. “Eu ficava muito contente se conseguisse fazer a viagem em três semanas. É possível fazer em menos, mas também pode ir até às quatro, cinco semanas”, acrescenta.
O atleta, que detém desde 2015 o recorde mundial da maior viagem de kitesurf sem paragens, vai ter de dormir em andamento, sentado e ligeiramente inclinado para trás: “Desenvolvi com um alemão um piloto [sistema] que controla o kite sozinho. Numa primeira fase é eletrónico: eu tenho um joystick em vez de estar a puxar a braços. Este piloto, ainda estamos a testar, leva o kite no ar a fazer uns círculos sozinho para eu poder dormir em andamento”. E acrescenta: “isto tudo é alimentado com painéis solares, que também levo no barco cerca 700 watts de painéis, e um hidrogerador, uma hélice que com a minha velocidade gera energia”.
O percurso do ‘kitesurfer’ vai ser demonstrado em tempo real na página da EDP na Internet e o atleta vai estar em comunicação com a Marinha portuguesa para “prevenir algum incidente”. “Em caso de acidente, que pode sempre acontecer, como bater num obstáculo ou num contentor afundado - temos de prever estes cenários –, tenho uma série de equipamentos de segurança que posso acionar para que as embarcações que estejam perto possam saber onde estou”, assinalou.