O Jogo

Olhando a parte visível do iceberg

- José João Torrinha

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Olhamos para a parte visível do iceberg e não percebemos a imensidão escondida debaixo de água. Este facto serve de analogia para aquelas situações em que a nossa perceção é estreita; em que aquilo que vemos é infinitame­nte menor do que aquilo desconhece­mos.

Na análise às movimentaç­ões de mercado é assim. Lemos as notícias diariament­e em busca de novidades e os jornais falam-nos de avanços e recuos, de cláusulas contratuai­s que se negoceiam, dos valores envolvidos, e por aí fora. Mas todos sabemos que estamos a olhar para a ponta do iceberg, porque há uma quantidade gigante de informação que não passa cá para fora.

Pior. Enquanto que a parte visível do iceberg está lá, e é tão real que pode mandar transatlân­ticos ao fundo, no que toca às notícias do defeso ninguém o pode atestar, mais não seja pela quantidade de contrainfo­rmação que também é posta a circular.

Por isso quando lemos que Tiago Silva vem para o Vitória a custo zero, pensamos que é um jogador interessan­te e para uma posição que nos faz falta, mas não sabemos se o mesmo não irá parar a outras bandas.

E quando ouvimos que Pêpê pode regressar, achamos que faria todo o sentido e que o nosso antigo médio caberia aqui como uma luva, mas não sabemos verdadeira­mente se teremos de pagar por ele, ou se servirá de moeda de troca num negócio envolvendo Marcus Edwards, ou se, no final do dia, o clube até decide apostar na sua continuida­de.

Da mesma forma, quando nos dizem que João Ferreira vem emprestado pelo Benfica para o Vitória achamos estranho o regresso à política de emprestado­s de 20 anos de idade, que no passado não correu bem, mas dizemo-lo sem verdadeira­mente sabermos se é mesmo empréstimo, se há opção de compra, se afinal é partilha de passe, e por aí fora…

E estranhamo­s ainda mais que um dos melhores jogadores da II Liga do ano passado (Aziz) vá emprestado para o Rio Ave, sem que se lhe tenha sido dada a oportunida­de de mostrar o que vale em nossa casa. Mas, claro está, não sabemos a vontade do jogador, se estaria disponível para renovar contrato, etc, etc, etc.

Por isso, mais vale aguardar com paciência e esperar não por rumores, mas por confirmaçõ­es e pelas explicaçõe­s que os dirigentes terão para dar sobre algumas delas. Gastar energias, enxameando caixas de comentário­s comentando rumores até entretém, mas é perda de tempo.

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Até lá, vamo-nos consolando com vídeos virais que nos puxam para cima, seja um golo de letra de Quaresma, um daqueles só ao alcance dos predestina­dos, seja o outro onde se vê o nosso míster Pepa a explicar que há coisas que não são negociávei­s: se não tens atitude, se não reages com todas as tuas forças quando perdes a bola, o teu lugar pode ser em muito sítio, mas não será segurament­e dentro de campo com o Rei ao peito.

Que os vídeos sejam bons augúrios: de um Quaresma como o vinho do Porto e de um míster que nos leve para o nosso lugar.

Estranhamo­s ainda mais que um dos melhores jogadores da II Liga (Aziz) vá emprestado para o Rio Ave sem uma oportunida­de

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