O CHARTER DOS HERÓIS
Paralisação da Groundforce obrigou a seleção de andebol a viajar de autocarro para Faro – juntamente com ténis e skate – de onde voou para Paris e só depois para Tóquio
Selecionador nacional ficou desesperado com o percalço que colocou em causa o descanso dos atletas. Viagem, agendada para o meio-dia, em Lisboa, foi ao fim do dia e em charter desde o Algarve
Atribulado é o adjetivo que melhor descreve a partida da seleção olímpica de andebol para Tóquio, pois a greve dos trabalhadores da Groundforce cancelou o voo marcado para as 12h05 de ontem, do aeroporto Humberto Delgado rumo a Frankfurt, de onde a equipa seguiria ao final do dia para o Japão. Ao contrário do conjeturado pelos responsáveis da federação, selecionador nacional e atletas, a comitiva portuguesa – a que se juntaram os tenistas João e Pedro Sousa e o skater Gustavo Ribeiro – seguiu até Faro de autocarro após o almoço para, da cidade algarvia, embarcar rumo a Paris, de onde voou às 23h25 para capital japonesa, à qual chegaria hoje, às 18h30 locais. O voo até Paris fez-se num charter fretado pelo Comité Olímpico de Portugal (COP), que só foi autorizado a partir do Algarve.
“Sempre fui um defensor acérrimo dos direitos humanos, mas dou por mim a pensar até que ponto é que os direitos de uns afetam os direitos de outros. Julgo que as pessoas devem lutar pelos seus direitos sempre, mas o
Seleção de andebol ficou retida no aeroporto e iniciou a viagem olímpica de autocarro
“Estivemos a fazer a adaptação ao ‘jet lag’, mas assim não há programação que resista”
Paulo Jorge Pereira que hoje sinto é que estão a afetar o meu direito. É penoso o que nos está a acontecer por o voo ter sido cancelado”, disse Paulo Jorge Pereira ainda em Lisboa.
O cancelamento dos vários voos durante a manhã de sábado levou a direção da federação e o COP a procurarem uma solução alternativa, que minimizasse o impacto negativo para os andebolistas, denominados como “Heróis do mar” pelo selecionador de 56 anos. “Estivemos a trabalhar esta semana no sentido de nos adaptarmos ao ‘jet lag’ e agora não sabemos quando vamos chegar. Não há programação que resista, não sei o que fazer. Vamos esperar e tentar retomar o nosso caminho. Mas assumo que estamos um pouco perdidos”, revelou, visivelmente transtornado, antes de conhecer o recurso encontrado. “Os atletas vão estar dois dias sem dormir e jogar passados apenas três dias. Vão chegar ao Japão todos rebentados”, concluiu o selecionador nacional.