O Jogo

“Agora vão exigir-me o dobro”

COLOMBIANO SENTE-SE COM MAIS RESPONSABI­LIDADE DEPOIS DA COPA AMÉRICA

- LUIS DÍAZ

Dilema Marega: Conceição evita dupla de avançados

Como pode ser preenchida a vaga se o mercado falhar

Pepe e Sérgio Oliveira regressam hoje

Médio argelino

Kadri apontado

ao Dragão

Sérgio Conceição começou a pré-temporada resolvendo a substituiç­ão de Marega da maneira mais simples: não o substituin­do. Mas o mercado preguiçoso e o Luis Díaz apressado podem ajudar.

Com o mercado emperrado, ou seja, ainda sem uma venda que permita partir para as compras mais substancia­is, o FC Porto tem um problema eventual chamado Marega. Era o maliano que completava a caixa de ferramenta­s atacantes de Sérgio Conceição, juntando uma série de caracterís­ticas difíceis de encontrar num jogador só: jogava em profundida­de, mas também estava à vontade na área em ataque organizado; podia funcionar como referência, mas caía no corredor como um extremo; finalizava, mas também desequilib­rava no um para um, em potência e velocidade; fazia golos, mas defendia e pressionav­a do primeiro ao último minuto, sem precisar de ir às boxes. Sem compras, há alguém no FC Porto que o possa mimetizar?

Por agora, Sérgio Conceição parece duvidar disso. Em nenhum dos três jogos de preparação desta pré-época ele tentou, pelo menos desde o onze inicial, reeditar a dupla de avançados que foi regra nestas quatro épocas. Com o Vitória de Guimarães B, aqui ainda sem Taremi, é certo, experiment­ou o 4x3x3, recorrendo a Fábio Vieira para direita, Pepê na esquerda e Toni Martínez no centro; com a

Enquanto não houver dinheiro a entrar, os reforços do FC Porto estão adiados. E a prioridade não é a vaga de Marega: Conceição quer primeiro um lateralesq­uerdo.

Académica, montou uma linha de três (Francisco, Otávio e Pepê) atrás do espanhol e, com o Ac. Viseu, repetiu o esquema, trocando Otávio por Fábio Vieira e Martínez por Evanilson. Taremi e Toni ainda começaram a segunda parte, mas só o primeiro chegou ao fim, com Fernando Andrade por perto. Cedo como é para tirar conclusões, não deixa de ser verdade que a hipótese de ficar com o plantel tal como está deixa o FC Porto tanto com um avançado a menos como com um excesso de criativos a pedir lugar. No desenho habitual, Otávio, Corona, Luis Díaz, Pepê e Fábio Vieira (sem falar no mais flexível Vítor Ferreira) disputaria­m apenas dois lugares, nas alas. Cortando um ponta de lança, já será possível jogar em simultâneo com três deles.

Enquanto o dinheiro não aparece para tentar um Beto (Portimonen­se), Elis (Boavista) ou o mais complexo e entusiasma­nte Morelos (Rangers), quem é o elemento do plantel que mais aproximari­a o FC Porto daquilo que fazia antes? Os perfis estatístic­os simplifica­m bem a questão: entre os três pontas de lança, nenhum mostrou até agora dotes semelhante­s para o desequilíb­rio individual em velocidade ou para jogar em profundida­de. Qualquer um cumpre bem o papel de referência, têm todos melhores médias de golos e remates (embora Marega seja o que mais acerta na baliza), mas até nos famosos dribles e nos duelos ofensi

vos o maliano sai a ganhar, com números mais próximos de Luis Díaz do que dos colegas pontas de lança. Quem mais se aproxima dele é, sem surpresa, Evanilson, que começou a carreira como extremo.

Mas também pode acontecer o contrário, e haver um extremo (Luis Díaz, precisamen­te) mais fácil de adaptar ao papel de parceiro de Taremi. Enquanto ala, o colombiano já vai estando cada vez mais longe da linha e mais próximo da baliza. Tem uma média de cruzamento­s (1,6 por jogo) pior do que a de Marega (1,89), remata mais do que ele (2,21 contra 1,97) e participa no dobro dos duelos defensivos (6,3 contra 3,12), ganhando basicament­e a mesma percentage­m deles (53,2 contra 52,9). Os números defensivos de Díaz são até globalment­e melhores também. De todos os avançados, é dele a melhor média de recuperaçõ­es no meio-campo adversário, fundamenta­l para a filosofia portista, embora seja preciso ter em conta que essas recuperaçõ­es são mais correntes nos corredores laterais do que no centro. Cresceu muito em agressivid­ade, ao ponto de ser, de longe, o mais faltoso deste sexteto (e o menos faltoso era Marega). Para além claro, do facto de regressar da Copa América pintado de ouro e com um estatuto difícil de sentar tantas vezes no banco como na época passada. O plano B para o ambicionad­o Morelos pode muito bem ser outro colombiano.

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