O Jogo

Rui Costa essencial no bis de Pogacar

CICLISMO Poveiro foi chamado à última hora para o Tour e revelou-se fulcral no bis de um Pogacar elogiado até por Merckx. Foi o quarto luso a fazer a festa da amarela em Paris

- FREDERICO BÁRTOLO

Rúben Guerreiro fechou no 18.º lugar a estreia na Volta a França, melhorando de forma e mostrando capacidade para lutar por um top-10. A corrida só teve dois portuguese­s, mas ambos em destaque

O campeão do mundo de 2013 e um dos maiores vultos da história do ciclismo português pode agora dizer que sabe como é festejar a conquista da Volta a França. Rui Costa fez parte da jornada apaixonant­e do Tour de 2021 e abriu o champanhe da praxe no triunfo de Tadej Pogacar. A UAE Emirates conquistou o bis na maior prova do ano, limitando-se a celebrar no último dia, pois em Paris o final foi com o habitual pelotão compacto, e a vitória para Wout Van Aert, ciclista da Jumbo-Visma que também operou um feito raro: venceu na alta montanha, no contrarrel­ógio e ao sprint.

Rui Costa juntou mais um feito a uma carreira ímpar, mas o poveiro nem tinha previsto competir na Volta a França. Ficando sem os Jogos Olímpicos no cardápio e destacando-se ao ser sétimo na Volta à Suíça, convenceu o diretor desportivo Joxean Matxín a levá-lo ao Tour para, à décima participaç­ão, ajudar um colega a vencer. Experiente e capacitado em todos os terrenos, transformo­u-se depressa num dos principais escudeiros de Pogacar, principalm­ente nas etapas em que Rafal Majka fraquejou, por recuperar de uma queda.

Foi o quarto português a participar na festa do camisola amarela, embora José

Azevedo, tendo colaborado em duas vitórias de Lance Armstrong, veria estas depois retiradas por doping do norte-americano. Joaquim Agostinho foi oitavo e colega de Ocaña, em 1973, e Sérgio Paulinho, em 2007 e 2009, foi determinan­te para os dois triunfos de Alberto Contador.

Na UAE, festejaram ainda o mecânico Hilário Coelho e o massagista Bruno Lima, que integraram a equipa do Tour. De fora ficaram os gémeos Oliveira, com Ivo a recuperar da grave lesão sofrida que o retirou da Volta a França. Em Paris, e igualmente podendo festejar, estava Rúben Guerreiro, que foi 18.º na estreia, igualando o melhor lugar de Rui Costa à geral. Tendo perdido semanas de treino devido a uma queda no Giro, o cowboy do Montijo ganhou espaço numa EF que procura um sucessor para Rigoberto Urán. Guerreiro foi o sexto português a terminar no top20 e quer mais: “Acho que tenho tudo para melhorar e poder fazer um top-10”.

Mas a grande festa era mesmo de Tadej Pogacar, que impression­ou ao ponto de receber um elogio raro. “Vejo-o como o novo Canibal”, disse Eddy Merckx, surpreende­ndo ao entregar a sua famosa alcunha como nunca o fizera antes. “Vejo-o a ganhar várias edições do Tour nos próximos anos. Se nada lhe acontecer, pode certamente vencer a Volta a França mais de cinco vezes”, elogiou o campeoníss­imo belga, que possui o recorde de cinco triunfos, a par de Anquetil, Indurain e Hinault. Pogacar, imparável, irá aos Jogos Olímpicos e depois à Vuelta, respondend­o ao de

safio lançado pelo compatriot­a Roglic e pouco incomodado por o Tour ter lançado um novo rival, Jonas Vingegaard. Só o holandês da Jumbo, de 24 anos, pareceu ter qualidade para contrariar o fenómeno esloveno, pois Carapaz, O’Connor, Kelderman e Enric Mas estão muito longe do andamento do novo líder mundial.

“O sabor é diferente do ano passado porque em 2020 venci de forma incrível, no último dia. Cada ciclista é único. Evito comparaçõe­s com quem me antecedeu”

Tadej Pogacar

UAE Emirates

“O Tour é rejuvenesc­edor. Vou descansar e depois se discutirá se volto para o ano”

Mark Cavendish Deceuninck­Quick Step

“Tenho uma foto sozinho no Mont Ventoux e ganhei nos Campos Elísios. É magnífico, algo com que sempre sonhei”

Wout Van Aert

Jumbo-Visma

“Ser terceiro na Volta a França é um grande resultado para mim”

Richard Carapaz

Ineos Grenadier

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