Agora imaginem um rebanho de Cabritas
Fiquei a perceber que o perímetro da administração interna do ministro era o da sua secretária, e refiro-me à mobília, sem contar com o módulo de gavetas, que tem rodas e, suponho, livre arbítrio para se despistar sozinho
M ais bovino (de vacas magras) do que caprino, nos últimos tempos, o desporto manteve-nos relativamente bem calafetados ao ministro Eduardo Cabrita. Íamos ouvindo aquele tipo de balidos que, no meu caso, procuro sempre não explorar, por pensar (tenrinho) que a política consiste em defender o bem comum e não em usar qualquer subterfúgio (e nenhum escrúpulo) para torturar ao estilo medieval os poucos que ainda aceitam ser ministros. Depois, vieram junho e os calores. Responsável pela Administração Interna, o sr. Cabrita administrou externamente os incidentes com os festejos do Sporting campeão explicando ao povo que tinham sido o clube e a Câmara de Lisboa a organizá-los, e também falou da Taça e da Liga dos Campeões: “O organizador, quer da Taça de Portugal, quer da Champions, foi o mesmo, a Federação Portuguesa de Futebol.” Era uma “infâmia” que se culpasse as autoridades por qualquer dessas desordens. Fiquei a perceber que o perímetro da administração interna do ministro era o da sua secretária, e refiro-me à mobília, sem contar com o módulo de gavetas, que tem rodas e, suponho, livre arbítrio para se despistar sozinho. Obrigado à maçada de uma investigação sobre os festejos de Alvalade, pegou num relatório, na sexta-feira, ignorou o que lá estava escrito e culpou o civil, o Sporting, basicamente por ter feito uma proposta e por o Governo – isto é, o sr. ministro Cabrita – a ter aceitado. É o mesmo que se um redator aqui d’O JOGO me viesse sugerir uma festa de aniversário na redação. Respondo que sim, a festa corre para o torto, são centenas a dançar “reggaton” entre as mesas, sem máscaras, e quando a polícia aparece, eu administro: sou só o diretor, o meu trabalho é só dirigir, quem organizou foi aquele sujeito ali, de peúgas pretas, com o vaso na cabeça. O cúmulo está no jornal Público de ontem: foi o próprio Cabrita, por omissão do Sporting e da Câmara, que escolheu a pior das três propostas, e a única que a PSP desaprovava frontalmente. Por mim, venha já o Torquemada e que não poupe nos alicates.