O Jogo

ANA CATARINA NADOU PARA A HISTÓRIA

Ana Catarina Monteiro alcançou a primeira meia-final da natação feminina portuguesa

- NUNO FILIPE

A prova de 200 mariposa é talismã para as portuguesa­s, valendo as duas melhores classifica­ções da história, depois do 18.º lugar de Sandra Neves em Seul’88. A vila-condense foi 14.ª em ritmo de treino

Foi no Rio’16 que Alexis Santos terminou o jejum olímpico português de 35 anos sem meias-finais, ao ser 12.º nos 200 estilos e 15.º nos 400 (nesta distância com apuramento direto para a final, pois só há meias-finais até à distância de 200 metros), elevando a fasquia para a natação nacional, que não se escondeu. O diretor técnico nacional, José Machado, disse a O JOGO, antes da partida para Tóquio, que “há três ou quatro provas onde o feito se pode repetir”. Como base tinha a mais brilhante fase de apuramento olímpico, na qual foram alcançados sete mínimos A da Federação Internacio­nal (FINA), um deles pela protagonis­ta de ontem, Ana Catarina Monteiro, a primeira mulher portuguesa a atingir uma meia-final olímpica.

Rebuscando a história anterior a Alexis, é preciso recuar imenso para encontrar feito idêntico. Foi em Los Angeles’1984 que Alexandre Yokochi, nos 200 bruços, fez ainda mais, alcançando uma final olímpica, na qual terminou em sétimo. Quatro anos volvidos, em Seul, o benfiquist­a nadaria uma final B (correspond­ente à atual meia-final), na qual terminou em nono, também e sempre nos 200 bruços.

No género feminino, o melhor cartão de visita em piscina era o 18.º lugar (tempo fora das 16 da meia-final) de Sandra Neves, também em Seul (Daniela Inácio foi 17.ª em Pequim’2008, mas fora da piscina, na modalidade de águas abertas).

A história escreveu-se ontem, curiosamen­te no mesmo estilo de Sandra Neves, a mariposa. Foi nos 200 metros que Ana Catarina Monteiro se qualificou, com o 14.º tempo, para uma meia-final que se disputou esta madrugada, pelas 3 horas portuguesa­s. A vila-condense, treinada por Fábio Pereira, entrou claramente a gerir, apenas para garantir o apuramento, fazendo 2m11,45s quando tem 2m08,03s como recorde nacional. “Só posso estar feliz, fiz um resultado histórico para a natação portuguesa. O tempo não é o que tenho trabalhado, é um que costumo nadar em ritmo de treino. Não apostei tudo neste dia, sabia que era acessível chegar à meia-final. O objetivo, na estreia em Jogos Olímpicos, está cumprido”, disse Ana Catarina, que aos 27 anos está a “viver uma experiênci­a incrível”. “Ainda nem acredito que sou olímpica”, completou.

“Fiz um resultado histórico, mas o tempo não é o que tenho trabalhado. A meia-final era acessível...” “Tive covid-19 antes do Europeu e do primeiro pico de forma. Agora estou a treinar bem”

Ana Catarina Monteiro

Clube Fluvial Vilaconden­se

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 ??  ?? Clube: Ana Catarina Monteiro agradeceu a todos os que a “tornaram olímpica”
Clube: Ana Catarina Monteiro agradeceu a todos os que a “tornaram olímpica”

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