Matheus Nunes abriu o coração
PASSADO Médio recorda a vida difícil no Brasil na favela e com o crime por perto e o trabalho na pastelaria
Jogador reitera ao podcast “ADN de Leão” que está “focado no Sporting”, descartando uma possível saída. Depois da euforia no título anseia pelos adeptos no estádio e recua até ao golo em Braga
Matheus Nunes tem histórias para contar e demonstrou-o no podcast “ADN de Leão”. “Fui habituado a ter responsabilidade. Cresci sem pai. A minha mãe fez de mãe e pai. Sempre cresci com um certo tipo de responsabilidade, pois fui a figura masculina em casa quando o meu irmão mais velho saiu”, revelou, agradecendo ao padrasto que considera pai.
“Vim com 13 anos para Portugal e no Brasil fui nómada, mudei dez vezes de casa, morei numa favela. Tive alturas que não tive para comer. A minha mãe às vezes ainda se admira com o facto de não ter virado ladrão ou traficante de droga. Tive as pessoas certas comigo ”, prosseguiu, lembrando os tempos em que treinava no Ericeirense: “Não me preocupava com as aulas e a minha família disse-me que tinha de começar a trabalhar ou largar o futebol. Fui para a pastelaria do meu padrinho, levantava-me às 5h00 e acabava às 18h00 para ainda ir treinar depois. Hoje é diferente, tenho pessoas que procuram casa para mim e todas as condições.”
“Estou completamente focado no Sporting”, sublinhou quanto a uma saída, confessando que ainda acalenta uma chamada da seleção brasileira. Detalhou ainda a vitória em Braga: “Esse golo foi especial. Não estava nervoso, estava confiante depois da receção que tivemos. Havia muita gente à porta do hotel, muita gente a gritar. Disse ao Jovane para imaginar o que seria se tivéssemos adeptos no estádio. Ainda não joguei com adeptos no estádio de Alvalade. Nem consigo pensar o que será.”
Na comunicação, o jovem de 22 anos admitiu que a “lengalenga do jogo a jogo” resultou em 2020/21 e terminou o discurso com a emoção no título: “Recordei tudo o que passei quando era pequeno... quem me ajudou. Foi indescritível.”