Brasileiro Ítalo Ferreira é o primeiro campeão olímpico da modalidade, enquanto a havaiana Carissa Moore recebeu o ouro pelos EUA. Com quinto e nono lugares, Portugal superou-se “Amém que o ouro vem”
Surfista de 27 anos foi responsável pelo primeiro ouro do Brasil em Tóquio. Na prova feminina, ganha por Moore, a portuguesa Yolanda Hopkins Sequeira foi quinta, terminando orgulhosa
Atleta de origens humildes e de fé, Ítalo Ferreira (28 anos) voltou a escrever o seu nome na história do surf, ao tornar-se campeão olímpico na edição de estreia da modalidade, depois de ter sido o primeiro a conquistar o título do World Tour e o dos Mundiais ISA no mesmo ano, em 2019. “Vim para o Japão com uma frase: ‘Diz amém que o ouro vem’. Todos os dias rezava às 3 da manhã e pedia a Deus que Ele realizasse o meu sonho”, disse o brasileiro da Baía Formosa, muito emocionado.
A começar o último dia na praia de Tsurigasaki, em Chiba, Ítalo afastou o japonês Hiroto Ohhara nos quartos de final, numa bateria em que teve a melhor onda do evento (um 9,47 num máximo de dez), sofrendo bem mais nas “meias” para bater o australiano Owen Wright, que ultrapassou por 0,70 pontos. Na final, contra Kanoa Igarashi, anfitrião mas a viver em Portugal, expressando-se na língua de Camões na zona mista, nem o infortúnio ter partido a prancha logo a abrir impediu o canarinho de chegar ao ouro (15,14 contra 6,60) e ser, indiscutivelmente, o melhor elemento da chamada “Tem
“Acho que isto serve de inspiração aos que vêm de baixo e têm sonhos. Acreditem sempre. Foi o que eu fiz” Ítalo Ferreira
Campeão
pestade Brasileira”, pois Gabriel Medina (número um mundial) ficou fora das medalhas, em quinto e a tecer críticas aos juízes.
No feminino, tal como Ítalo, Carissa Moore também se muniu de rituais para fazer história. “Ela ligou-me e disse: ‘Podemos dançar um pouco para me desligar da competição?’. Pusemos a mesma música e como que dançámos em conjunto pelo Facetime”, revelou o marido da havaiana, que até ao ouro, afastou Silvana Lima, Amuro Tsuzuki e Bianca Buitendag. Esta afastara antes Yolanda Hopkins Sequeira nos quartos de final (9,50 contra 5,46), deixando a portuguesa em quinto. Esse diploma, somado ao nono lugar de Teresa Bonvalot, resultou numa participação lusa acima das expectativas, sobretudo dada a ausência de Frederico Morais. “Espero que, depois de representar Portugal desta forma, possa vir a ter mais oportunidades de me realizar e ter apoio concreto atrás de mim”, desejou Yolanda, prometendo voltar aos Jogos.