Este país não é para nadadores
ntes de Tóquio já havia 55 países com medalhas olímpicas na natação. É uma das modalidades mais competitivas do mundo e o domínio das potências Estados Unidos e Austrália não impede que uma Tunísia tenha festejado esta semana uma medalha de ouro. Quanto a Portugal, teve ontem o seu feito histórico com o apuramento de Ana Catarina Monteiro para uma meia-final. Caso isso se repita nos masculinos, será a melhor edição de sempre. Sendo atingir os 16 primeiros a ambição da natação, esse é um défice de competitividade face à restante Missão portuguesa que custa a entender; e comparar com outros países será ainda mais doloroso. A debilidade da modalidade, que é histórica, deixa-me sempre intrigado, pois não faltam praticantes – em 2018 estavam registados 89 mil, o segundo maior número depois do futebol – nem piscinas. Nem se vislumbram culpados. A Federação Portuguesa de Natação – e da atual direção tenho a imagem de elevada competência – já tentou de tudo, como colocar atletas nos Estados Unidos para treinarem com os melhores, enviá-los para Barcelona e integrá-los no êxito espanhol ou criar um Centro de Alto Rendimento com excelentes condições em Rio Maior. Os resultados evoluem um pouco, finais olímpicas nem vê-las, medalhas nem em sonhos. Só descubro uma explicação: Portugal, com o seu sistema de ensino de cargas horárias elevadas, impede a progressão de quem precisa de crescer fazendo dois ou três treinos diários, leva ao abandono dos muitos que não aguentam a violência, física e psicológica, dessa preparação e a elite que resta é de número tão reduzido que só com sorte dela sairá um dia um medalhado olímpico. Por isso, e enquanto continuamos à espera, parabéns à Ana Catarina Monteiro. Sendo portuguesa, sofreu mais do que as outras para chegar tão longe!
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