OS DEMÓNIOS DE SIMONE BILES
A melhor do mundo falhou a final por “razões médicas” e os Estados Unidos foram destronados pela Rússia
Simone Biles não disputou a final por equipas e os Estados Unidos não perdiam desde 2000
O que se passa com Simone Biles? A tetracampeã olímpica do Rio’16 não está bem e, após uma qualificação sofrida, da qual saiu com um ar triste, ontem, deixou a final por equipas antes do segundo aparelho
A final por equipas do torneio olímpico de ginástica artística foi ganha pela Rússia, que se sagrou campeã 29 anos depois, quebrando a hegemonia dos Estados Unidos – prata, após ouro em Atenas’04, Pequim’08, Londres’12 e Rio’16. O feito ficou registado, mas o foco esteve de novo em Simone Biles, a estrela de 24 anos que, em Tóquio, procurava seis medalhas para juntar aos quatro ouros (equipa, allaround, cavalo e solo) e bronze (trave) do Rio e bater o recorde de títulos olímpicos.
À última hora, antes do segundo aparelho, as barras assimétricas, Simone Biles saiu acompanhada pelo médico da equipa, regressando pouco depois apenas para abraçar as colegas Grace McCallum, Sunisa Lee e Jordan Chiles, tendo a federação norte-americana justificado a ausência com “razões médicas”. Não se sabe se Biles poderá disputar amanhã a final all-around e, na próxima semana, as quatro finais para as quais se apurou, numa qualificação em que foi oitava nas paralelas assimétricas e sétima na trave, somando erros anormais e causando perplexidade por não ter tentado o elemento de grande dificuldade no cavalo. “Sempre que se entra numa situação de stress, uma pessoa quase enlouquece. É uma porcaria quando se está a lutar contra a própria cabeça”, explicou, de ar abatido, aquela que todos esperavam ver de novo a agigantar-se no palco dos sonhos. “Simplesmente não confio tanto em mim como em outros tempos. Não sei se é da idade, mas fico mais nervosa quando compito”, acrescentou, revelando ter-se inspirado na tenista Naomi Osaka, também a lidar com questões psicológicas. No apoio a Biles, as colegas dedicaram-lhe a prata: “Sem ela não a teríamos ganho”.