O Jogo

BRONZE NO SONHO DOURADO

JORGE FONSECA, BICAMPEÃO MUNDIAL DE JUDO, CONQUISTOU A PRIMEIRA MEDALHA NOS JOGOS OLÍMPICOS E PROMETEU MAIS “Nasci para o ouro. Vou dançar pimba em Paris’2024”

- CARLOS FLÓRIDO

Choveram felicitaçõ­es, do Presidente da República aos clubes, mas quem viu e conhece o leão dos 100 quilos ficou com sabor a pouco. Fonseca é o melhor do mundo e falhou a luta pelo ouro num detalhe

Portugal festejou ontem de manhã a primeira medalha olímpica nos Jogos de Tóquio, colocando-se na 59.ª posição entre 205 países, mas a alegria das imensas felicitaçõ­es de uma nação pouco habituada a estes pódios – foi o 25.º em outras tantas presenças – pareceu superior à do autor da proeza. A verdade é que quem viu os combates e conhece Jorge Fonseca entendeu a satisfação relativa do sportingui­sta de 28 anos. Foi uma pequena falha, a 18 segundos do fim da meia-final, que permitiu o waza-ari decisivo do coreano Guham Cho, deixando-o a chorar de alegria no ombro do português e remetendo este para a discussão do bronze. O bicampeão mundial Fonseca era o melhor dos -100 kg no tapete do Budokan, provou-o ao dominar a luta pela medalha possível, mas não fez a habitual dança da vitória, porque quer mais. Sendo já o melhor judoca nacional da história, precisa do ouro em Paris ’2024 paras e afirmar como melhor olímpico deste século.

Fonseca entrou de forma imperial no pavilhão onde o judo foi inventado. O belga Toma Nikiforov, que se sagrou campeão da Europa em Lisboa, só durou 17 segundos até ser projetado com “Ippon seoi-nage”, uma das técnicas mais famosas. A seguir, o russo Niiaz Iliasov fez aquilo de que Fonseca menos gosta. “Tentou bloquear o meu judo. Bloqueiam-me ao não fazer judo”, desabafou sobre um combate defensivo, que só terminou aos 7m55s, com projeção para waza-ari. Depois, veio o desgosto. “A cãibra não me ajudou na meia-final, estraguei o combate. Foi um erro”, desabafou após perder para Guham Cho o acesso à final. Fonseca, que fica com cãibras na mão esquerda devido à ansiedade, fez o combate em visível aflição e foi projetado a 18 segundos do final.

“O meu treinador deu-me na cabeça e disse-me que estava na hora de fazer uma coisa histórica”, contou. Pedro Soares, o primeiro grande campeão português nos -100 kg, dera a receita certa ao pupilo: Fonseca dominou o canadiano Shady Elnahas, esteve perto do triunfo logo ao primeiro minuto, mas foi a 36 segundos do final que conseguiu a projeção, com “Ogoshi”, uma técnica de quadril. Era o bronze, mas sem dança da vitória!

JORGE FONSECA É O TERCEIRO

JUDOCA PORTUGUÊS MEDALHADO

OLÍMPICO, DEPOIS DE NUNO DELGADO E TELMA

MONTEIRO

“É saboroso, mas queria mais. Nasci para o ouro, não nasci para o bronze. Queria tanto a medalha que estava nervoso e aflito”

“Vi a de ouro passar à frente, queria tanto pegar, mas era do japonês. Respeitei, este momento foi épico, estou feliz, mas queria o ouro. Sou o melhor judoca do mundo”

“O próximo objetivo é Paris’2024 e vou trabalhar para Paris. Não se repetirá o que aconteceu aqui na meia-final”

“Queria dançar pimba, mas com ouro no pescoço, tem uma graça diferente. Com bronze, a gente pode dançar uma kizomba, mas quero dançar pimba e será em Paris’2024”

“Quero agradecer ao meu treinador, à equipa técnica de Portugal e à minha mãe, que me deu muito apoio para ser um grande judoca”

Jorge Fonseca

Medalha de bronze em -100 kg

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Objetivo do COP para Tóquio’2020 está bem encaminhad­o
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