O Jogo

UM RIO DE DINHEIRO PARA BRAGA

Desde 2000, o Braga obteve €52,2 milhões em vendas ao Sporting, que apenas encaixou três milhões

- TOMAZ ANDRADE

Os protagonis­tas da Supertaça que se discute amanhã mantêm um fluxo negocial intenso nas duas últimas décadas. Minhotos encheram os cofres; leões tiveram retorno com a conquista do título

Ligados pelo mesmo nome há mais de 100 anos, Braga e Sporting, adversário­s que vão abrir a época 2021/22 com a disputa da Supertaça, estão umbilicalm­ente unidos pela vertente negocial e financeira nos anos mais recentes. Nas duas últimas décadas, os dois clubes fizeram uma autêntica ponte aérea que transporto­u jogadores de um lado para o outro, embora com maior fluxo de Alvalade para o Minho, com muitas transferên­cias, montantes elevados em jogo e também polémicas entre os dirigentes. Se o leão tem feito boa parte da sua alimentaçã­o em Braga, com ganhos ao nível desportivo, o emblema arsenalist­a tem retirado enormes dividendos com as vendas de jogadores aos lisboetas. Nos negócios entre estes emblemas desde o ano 2000, o Braga já arrecadou 52,2 milhões de euros, enquanto o Sporting não foi além dos 3,4 milhões, de acordo com os dados publicados no Transferma­rkt.

Tal como no reino animal, o clube mais forte alimenta-se do que está abaixo, só que, neste caso, o Braga tem revelado uma dupla faceta, que é a de vender por valores elevados e, ao mesmo tempo, reinventar-se desportiva­mente, de maneira a aproximar-se dos primeiros lugares e ganhar troféus. Neste particular, a última década tem sido especialme­nte produtiva para os minhotos, com duas Taças de Portugal e duas Taças da Liga. Já o Sporting, principal investidor nos ativos do Braga, conseguiu na última época, com a conquista do título nacional, rentabiliz­ar uma aposta brutal em jogadores e técnicos da Pedreira. Por outras palavras, deixou nos cofres do Braga qualquer coisa como 28,1 milhões de euros apenas com as aquisições de Rúben Amorim e Paulinho (25,1 milhões de euros, se se descontar Borja, que fez o trajeto inverso), embora com retorno desportivo, algo pouco comum nos negócios entre os clubes desde o ano 2000. Como já se provou esta época, a ligação negocial continua ativa, depois de o Sporting ter assegurado Ricardo Esgaio, em mais um negócio avultado (5,5 milhões de euros).

Como se pode ver na tabela em cima, a primeira transferên­cia do Braga para o Sporting, neste período, foi a de Luís Filipe, e por um montante consideráv­el (3,2 milhões de euros). Foi a única que não teve o dedo de António Salvador, que assumiu a presidênci­a do clube em fevereiro de 2003. Quer isto dizer que o presidente arsenalist­a foi responsáve­l por 49,3 milhões de euros em vendas ao Sporting, ao longo dos últimos 18 anos.

No trajeto de Alvalade para Braga, o cenário é diferente. A única grande transferên­cia foi a de Borja, por três milhões de euros, a meio da última época, havendo apenas a somar a essa verba os 463 mil euros respeitant­es à de Nuno André Coelho, em 2011/12. Os leões têm apostado muito nos empréstimo­s de jogadores ao Braga e em alguns casos com responsabi­lidades no pagamento de salários, como se verificou, recentemen­te, com Sporar. O retorno desportivo tem sido a principal vantagem neste tipo de negócios e a situação de João Palhinha foi a mais evidente. O leão pouco contava com o médio, que relançou a carreira no Minho e voltou a Alcochete como titular e peça fulcral na conquista do título de campeão.

A IDA DE ESGAIO PARA ALVALADE FOI O ÚLTIMO NEGÓCIO REALIZADO ENTRE O BRAGA E O SPORTING, A TROCO DE €5,5

MILHÕES

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