UM RIO DE DINHEIRO PARA BRAGA
Desde 2000, o Braga obteve €52,2 milhões em vendas ao Sporting, que apenas encaixou três milhões
Os protagonistas da Supertaça que se discute amanhã mantêm um fluxo negocial intenso nas duas últimas décadas. Minhotos encheram os cofres; leões tiveram retorno com a conquista do título
Ligados pelo mesmo nome há mais de 100 anos, Braga e Sporting, adversários que vão abrir a época 2021/22 com a disputa da Supertaça, estão umbilicalmente unidos pela vertente negocial e financeira nos anos mais recentes. Nas duas últimas décadas, os dois clubes fizeram uma autêntica ponte aérea que transportou jogadores de um lado para o outro, embora com maior fluxo de Alvalade para o Minho, com muitas transferências, montantes elevados em jogo e também polémicas entre os dirigentes. Se o leão tem feito boa parte da sua alimentação em Braga, com ganhos ao nível desportivo, o emblema arsenalista tem retirado enormes dividendos com as vendas de jogadores aos lisboetas. Nos negócios entre estes emblemas desde o ano 2000, o Braga já arrecadou 52,2 milhões de euros, enquanto o Sporting não foi além dos 3,4 milhões, de acordo com os dados publicados no Transfermarkt.
Tal como no reino animal, o clube mais forte alimenta-se do que está abaixo, só que, neste caso, o Braga tem revelado uma dupla faceta, que é a de vender por valores elevados e, ao mesmo tempo, reinventar-se desportivamente, de maneira a aproximar-se dos primeiros lugares e ganhar troféus. Neste particular, a última década tem sido especialmente produtiva para os minhotos, com duas Taças de Portugal e duas Taças da Liga. Já o Sporting, principal investidor nos ativos do Braga, conseguiu na última época, com a conquista do título nacional, rentabilizar uma aposta brutal em jogadores e técnicos da Pedreira. Por outras palavras, deixou nos cofres do Braga qualquer coisa como 28,1 milhões de euros apenas com as aquisições de Rúben Amorim e Paulinho (25,1 milhões de euros, se se descontar Borja, que fez o trajeto inverso), embora com retorno desportivo, algo pouco comum nos negócios entre os clubes desde o ano 2000. Como já se provou esta época, a ligação negocial continua ativa, depois de o Sporting ter assegurado Ricardo Esgaio, em mais um negócio avultado (5,5 milhões de euros).
Como se pode ver na tabela em cima, a primeira transferência do Braga para o Sporting, neste período, foi a de Luís Filipe, e por um montante considerável (3,2 milhões de euros). Foi a única que não teve o dedo de António Salvador, que assumiu a presidência do clube em fevereiro de 2003. Quer isto dizer que o presidente arsenalista foi responsável por 49,3 milhões de euros em vendas ao Sporting, ao longo dos últimos 18 anos.
No trajeto de Alvalade para Braga, o cenário é diferente. A única grande transferência foi a de Borja, por três milhões de euros, a meio da última época, havendo apenas a somar a essa verba os 463 mil euros respeitantes à de Nuno André Coelho, em 2011/12. Os leões têm apostado muito nos empréstimos de jogadores ao Braga e em alguns casos com responsabilidades no pagamento de salários, como se verificou, recentemente, com Sporar. O retorno desportivo tem sido a principal vantagem neste tipo de negócios e a situação de João Palhinha foi a mais evidente. O leão pouco contava com o médio, que relançou a carreira no Minho e voltou a Alcochete como titular e peça fulcral na conquista do título de campeão.
A IDA DE ESGAIO PARA ALVALADE FOI O ÚLTIMO NEGÓCIO REALIZADO ENTRE O BRAGA E O SPORTING, A TROCO DE €5,5
MILHÕES