O Jogo

“Leves” de ultra qualidade

- Miguel Guedes

E stá estampado nas expressões faciais e bem expresso nas palavras de Sérgio Conceição e dos jogadores: a préépoca do FC Porto correu bem e recomenda-se. Essa é a convicção de quem pretende evitar os erros do início da época transacta, compromete­dores de boa parte da gestão e equilíbrio do percurso da equipa no decurso da Liga. A entrada em falso na época passada foi muito penalizado­ra, tendo em conta que à 6ª jornada já tinham voado oito pontos, demasiados, fruto de duas derrotas (no Dragão, com o Marítimo, e na deslocação a Paços de Ferreira) e do empate em Alvalade. Entrar com o pé direito, cabeça no sítio e pontaria afinada é meio caminho andado para a estabilida­de da equipa e para que a respiração não seja sôfrega nos primeiros minutos de uma maratona.

Sem uma derrota na préépoca e com apenas um empate frente à Roma, Sérgio Conceição sai da goleada desequilib­rada por 5-3 frente ao Lyon com belíssimos e menos bons sinais. Pepe, Marchesín, Otávio, entre outros, já em boa rotação. Mas quando lhe perguntam se está satisfeito com este grupo de jogadores, responde que está satisfeito por estar a trabalhar no FC Porto. Ou seja, quer mais. E tem razão em querer porque há, claramente, questões a resolver em ambas as laterais defensivas. Falta concorrênc­ia à direita para João Mário (o lugar é dele pelo que tem demonstrad­o) e mais qualidade à esquerda. Haverá questões no centro da defesa a resolver, pese embora se perceba que Marcano precise, naturalmen­te, de ritmo competitiv­o. Ninguém ocupou a camisola 6 com a saída de Loum, o que pode indicar a entrada de (pelo menos) mais um jogador. Mas para que isso aconteça, o mercado tem que mexer. E tudo se arrasta a custo.

Com a saída de Fernando Andrade para o AL-Fayha da Arábia Saudita, o plantel fica “reduzido” a 30 e a uma certeza: os miúdos são todos bons. Todos, sem excepção. Não sabemos se Vítor Ferreira ficará ou não mas, para além dele, Francisco Conceição, Fábio Vieira, João Mário, Diogo Costa, Romário Baró e Rodrigo Valente têm condições para lutar por um lugar e para darem um contributo fundamenta­l no equilíbrio e gestão da equipa durante toda a época. Meixedo terá, obviamente, que esperar a sua hora. Todos eles revelam maturidade acima da média, qualidade, compromiss­o. Muitos deles, como a sua posição exige, são desequilib­radores. Que “cantera” esta, a do Olival.

Foram oito as alterações, as promovidas por Sérgio Conceição no jogo de apresentaç­ão com o Lyon, relativame­nte ao jogo com a Roma. Já a pensar na 1ª jornada frente ao Belenenses, as mudanças acabaram por mostrar uma equipa mais “levezinha” (palavras do treinador) na primeira parte mas muito interessan­te se mesclada com a experiênci­a de outros jogadores. A média de idades com que a equipa entrou em campo foi de 24 anos. Se exceptuarm­os o quinteto defensivo, a média desde para os 22 anos. Os “leves” mostraram serviço. Com Luis Díaz a dar sinais evidentes de que está pronto para rebentar em definito (assim o permitam jogar à bola e rematar à baliza...), o FC Porto tem desequilib­radores do meio campo para a frente que, somados a maior consistênc­ia defensiva que se pede nas laterais, fazem sonhar alto. Apesar da dupla Taremi/ Martínez, o que seria esta equipa com um garante médio de 25 golos/época chamado Morelos? Uma aposta minha, bem mais alto que o sonho, infelizmen­te nas nuvens.

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