O Jogo

Leãozinho passava os dias na Luz

Aos dez anos, abalou de Seia para Lisboa. Levava o sonho de jogar no Sporting e o pai com ele

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As raízes de Rafael Ramos estão em Seia, no interior beirão que abandonou ainda menino. “Aos 10 anos, fui para Lisboa ”, conta .“Foi difícil ”, mas teve uma grande ajuda. “Por um lado, era um acriança, fiquei feliz por essa oportunida­de e fui todo contente, mas, foi muito difícil deixar os amigos, a família.Na altura, o meu pai fez uma loucura: deixou o trabalho e foi comigo. Foi tentar que eu vivesse o meu sonho. Arranjoutr­abalho e ficámos em Lisboa ”, recorda, grato .“Quando o meu pai trabalhou em Lisboa, eu estava a jogar no Sporting e ele a trabalhar no Estádio da Luz, no restaurant­eque tem no piso intermédio. Então, eu ia treinara o Sporting, todas as noites, e quando saía da escola passava o dia no Estádio da Luz, com o meu pai”, lembra divertido. Os estudos do irmão só mais tarde permitiram que a família se juntasse na capital. Rafael Ramosconti­nuou acrescer com os leões e o pai, entretanto, emigrou: “Teve uma proposta de trabalho e foi para Angola, dois, três anos. Foi um esforço para todos, mas tinha de ser ”. Estava por lá, quando, nos sub-17, o lateral-direito foi dispensado: “É o que acontece a muitos miúdos e, infelizmen­te, também a mim. Custou muito, porque mudei a minha vida quase toda para ir para lá e, quando ia para

“O meu pai foi tentar que vivesse o meu sonho. Arranjou trabalho e ficámos em Lisboa. Devo-lhe tudo o que fez por mim”

Rafael Ramos Defesa do Santa Clara

os juniores, não fiquei”.

Os contactos do pai na Luz levaram-nos a perguntar se “havia uma oportunida­de de ir treinar ao Benfica”. Foi e “gostaram” dele, mas uma lesão na pré-época remeteu-o para os juniores do Real Massamá, antes de vestir a camisola vermelha: “No ano seguinte, voltaram a chamar-me, fiz provas e propuseram-me ficar lá. Foi o melhor ano que tive, para acabar a formação, e culminou com o contrato profission­al”. “Jogámos o primeiro torneio da Youth League”, recorda o defesa que a UEFA colocou na equipa ideal: “Esse ano mudou completame­nte a minha vida”. O que se seguiu foi “inesperado”: a estreia como sénior nos Estados Unidos da América.

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