Qualidade deve prevalecer
ANÁLISE Dados numéricos dados pelas tecnologias usadas nos treinos não deve ser o único dado a avaliar
Tiago Moutinho, exadjunto de Sá Pinto, vê vantagens no uso da tecnologia que o mercado disponibiliza, mas aponta margem de erro na quantificação de alguns movimentos
No trabalho diário, a tecnologia está incorporada e é encarada como um aliado. “É fundamental, no início do treino, ter um ecrã com a imagem para analisar e demonstrar o que se pretende”, afirma Tiago Moutinho, treinador. E se, hoje em dia, “toda a gente filma treinos”, a análise das imagens durante a sessão convém que não ocupe muito tempo do treino.
A par disto, o ex-adjunto de Sá Pinto deixa uma advertência: “Deve prevalecer a análise e a avaliação qualitativa do treino e deve ser complementada com a avaliação quantitativa que nos é dada pelas tecnologias”. Ou seja, nem sempre os números representam bom desempenho. Por exemplo, os dados de GPS assinalam o sprint dos atletas, não distinguindo se ele é feito para aproveitar uma situação de jogo ou para ir buscar água.
Tiago Moutinho reconhece que todos os dados são importantes, salienta apenas o cuidado na sua análise, não se devendo ficar apenas pelos números. Aliás, os treinadores portugueses valorizam, precisamente, “a tática e a estratégia, não querem que corra muito, mas que corra bem e se posicione”.
Entre a tecnologia de maior valia está o GPS, até porque “alguns conseguem identificar a temperatura muscular, um dado importante para o fisiologista ou preparador físico na prevenção e tratamento de lesões”. Outra é o relógio do sono. Através dele é possível conhecer o descanso do jogador, mesmo quando ele não se apercebeu de nada de anormal na sua noite. “Conseguimos saber se houve uma alteração ou não. Pode ter havido, por ter sonhado e não ter acordado”, exemplifica. Não foi o que aconteceu a Izmailov, quando jogou no Sporting (entre 2007 e 2013). “Comprou o andar em frente para ir dormir, porque tinha dois filhos e acordava de noite com eles”, lembrou.