O Jogo

A maior de todas as baixinhas

- CARLOS FLÓRIDO

Q uando Patrícia Mamona estava no início de carreira – e começou por se destacar nas provas combinadas – disseram-lhe que não servia para o triplo salto, por ter 1,66 metros. Teoricamen­te tinham razão, mas ainda bem que ela foi teimosa e, por sinal, tinha um treinador que também acreditou ser capaz de contrariar as limitações da genética. Creio que, perante esta explicação, percebem melhor se eu escrever agora que a medalha de prata de Mamona, e sobretudo com um salto que a colocou no exclusivo clube dos 15 metros do triplo feminino, é um dos maiores feitos da história do desporto português. Ver Mamona a saltar 15,01 metros é uma proeza como a que, em 1986, colocou Spud Webb na história da NBA, ao ganhar o concurso de afundanços tendo 1,70 metros. A atleta do Sporting desafiou os limites humanos com uma exibição perfeita, portanto merece todos os elogios e comendas que este país lhe conseguir dar. O seu feito é fruto de imenso trabalho e uma dedicação e foco que impression­am, sobretudo sabendo-se que é a mais famosa atleta portuguesa da atualidade e responde sempre a um nunca acabar de solicitaçõ­es fora da pista. Parabéns ainda, muito particular­es, a José Sousa Uva. Colocar Mamona nos 15 metros é um feito superior ao de ter Yulimar Rojas, uma atleta com pernas até ao umbigo, nos 15,67 metros do recorde do mundo – aliás, com um “step” (segundo dos três saltos) tão defeituoso, a venezuelan­a estará nos 16 metros quando atingir a perfeição. Uva é um dos melhores treinadore­s do mundo e para mim, a partir de agora, é mesmo

A o melhor do mundo. uriol Dongmo viveu a experiênci­a amarga de ser a primeira das últimas – o quarto lugar olímpico –, e por cinco centímetro­s, quando se percebeu que estava a valer mais, ao contrário da medalhada de bronze, a campeoníss­ima Valerie Adams. Não tenho a fé da pesista do Sporting, mas fiquei com uma convicção: o seu dia irá chegar!

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