“Pressão? Sinto-me como um peixe na água”
Sérgio Conceição assume-se pronto para responder à exigência de sempre Eterno: Pepe torna-se no mais velho de sempre a jogar pelos portistas
“Não sou eu que compro reforços”
A dificuldade em segurar talento é transversal no futebol português, mas, na partida para a quinta época no Dragão, Sérgio mostrase tranquilo com a capacidade do grupo. Aspeto defensivo teve reflexão
ANA LUÍSA MAGALHÃES
Sérgio Conceição garante um FC Porto “preparado” para as dificuldades a vários níveis que serão levantadas hoje pelo Belenenses.
Como vê a equipa para este arranque?
–A equipa fez uma boa préépoca. Estamos preparados para as dificuldades do campeonato e do Belenenses.
E que dificuldades espera do adversário?
–Tem avançados fortes e rápidos, que vão dar muito trabalho à organização defensiva e laterais que se projetam muito bem. Não acredito que venham jogar num 3X4X3, mas sim num 3X5X2. Mesmo não fazendo muitos golos, criam problemas aos adversários.
O FC Porto está preparado para desfeitear a defensiva do Belenenses?
–Julgamos sempre que estamos preparados. A nossa identidade ofensiva não tem a ver com um jogador, mas com o coletivo. O Belenenses é uma equipa bem organizada defensivamente. Percebemos o que fez nos últimos anos no campeonato e, agora, na pré-época. Pelo que vi, com equipas até teoricamentemaisfortes,estevesemprebem.Asequipastécnicas estão cada vez mais bem apetrechadas,trabalha-sebem. Depois, temos a responsabilidade de ter jogadores com talento, para aparecer o tal sexto elemento do jogo.
Pinto da Costa disse que estava feliz por não ter problemas com o treinador e o Sérgio sempre desconfiou dos elogios do presidente. Já é um alerta?
–Agradeço os elogios do presidente, são sinónimo de responsabilidade. Em 2017, convidou-me para reerguer o clube numa situação muito difícil do ponto de vista financeiro. Se fosse olhar à equipa do primeiro ano e à de amanhã [hoje]...é muito pouco igual. A nível de nomes, de qualidade individual, tem decrescido, mas não é só no FC Porto, é a nível nacional, porque, em termos financeiros, fica difícil. Mas uma coisa tenho notado: a exigência continua máxima. Fomos a única equipa que ganhou ao campeão da Europa [Chelsea], com uma grande frustração por a vitória por 1-0 não ter permitido empatar e passar às meias-finais. Acho que merecíamos. A exigência é a mesma e, infelizmente, a situação financeira também. Mas temos de ver as coisas de forma positiva. Perceber que essa exigência só faz bem, faz parte do ADN do clube e sinto-me perfeitamente como um peixe na água, nesse sentido, e com essa pressão de ganhar. Independentemente dos jogadores que tenhamos à frente, tenho um grupo mui
to capaz e disponível. Isso deixa-me à vontade. Já trabalhei aqui com grandes nomes que, por esta ou por aquela razão, não foi possível segurar, o mercado é mesmo assim.
A equipa está mais preparada para o arranque do ponto de vista defensivo?
–Temos alertado e trabalhado esse aspeto.N estes quatro anos, fomos três vezes a melhor defesa e três vezes o melhor ataque. Normalmente, a equipa quesof reme no séc ampeã. Não tema ver com jogar mais, porque uma equipa campeã tem de fazer muitos golos e nós fazemos. Ainda no ano passado fomos os mais concretizadores, mas isso não nos valeu o campeonato. Temos de refletir. Quando temos bola, temos de perceber o espaço que damos ao adversário e a forma como nos equilibramos. Vai haver um momento em que a bola vai ser perdida eé preciso reagir e transitar para a defesa deforma efi- caz. Essacons is tênciaé fundamental paras e ganhar títulos.
“A exigência só faz bem. Tenho um grupo muito capaz e disponível e isso deixa-me à vontade”
“Não sou diretor financeiro. Dizem que tenho de ir buscar um lateral, mas não sou eu que os compro”
“Fomos a equipa mais concretizadora da última época, mas isso não valeu o campeonato. Temos de refletir”
“Se olharmos à equipa do primeiro ano e à de amanhã [hoje]...é muito pouco igual”
“Fico muito agradado ao ver muitos jovens da formação. Estão aqui pela qualidade”