O Jogo

Desta vez foram elas a brilhar mais

- CARLOS FLÓRIDO

Compreendo a necessidad­e de sistemas de quotas, que em alguns países existem para quase tudo, mas por princípio não me agradam, por implicarem criar regras para combater defeitos da raça humana – preferia que esses defeitos se eliminasse­m por si só, como um sinal de evolução da espécie. Nos Jogos Olímpicos a preocupaçã­o tem sido equilibrar o número de presenças entre homens e mulheres, mas em Tóquio, e agora que chegou a hora de se fazerem balanços, pode ter-se feito mais pela igualdade de género do que qualquer medida tomada em gabinetes. Allyson Felix, Emma McKeon, Kaylee McKeown, Yufei Zhang, Katie Ledecky, Ariarne Titmus, Elaina Thompson, San An, Lisa Carrington, Sunisa Lee e Sydney McLaughlin, pelos números de medalhas ou recordes nos desempenho­s, foram das grandes figuras dos Jogos e em número bem superior ao de homens. Mas também Flora Duffy, que no triatlo deu o primeiro ouro à Bermuda, as halterofil­istas Polina Guryeva, primeira medalhada do Turquemeni­stão, e Hidilyn Diaz, primeiro ouro das Filipinas, Alessandra Perilli, que no tiro obteve o pódio para o mais pequeno país na história olímpica, San Marino, e a karateca Feryal Abdelaziz, primeiro ouro feminino para o Egito, fizeram história para os seus países. É uma lista enorme, uma verdadeira mudança de paradigma a que Portugal não fica indiferent­e: se Patrícia Mamona foi a única medalhada, face a Pedro Pichardo, Jorge Fonseca e Fernando Pimenta, na lista dos 14 diplomas estão Catarina Costa, Yolanda Hopkins, Auriol Dongmo, Liliana Cá, Teresa Portela e Maria Caetano, da equipa de dressage do hipismo, faltando saber o que conseguiri­a Maria Martins esta madrugada, no ciclismo de pista. As mulheres obtiveram metade dos nossos lugares de finalistas, um feito impression­ante face ao número de praticante­s e, sobretudo, perspetiva­s de carreira, o grande problema do desporto feminino.

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