De Moscovo à Luz, passando por Moreira e Tóquio
1 Ao pontapé de saída na época correspondeu uma vitória tanto mais importante quanto um resultado negativo teria sido traumático para o futuro próximo da equipa. A eliminatória não está ganha, mas está mais do que bem encaminhada. Uma ótima notícia – basta atentar no apertadíssimo calendário de jogos do corrente mês de agosto: 6+2 (prováveis) em 24 dias.
2 Apreciei que Jorge Jesus tivesse dedicado a primeira vitória da era Rui Costa ao expresidente. Eu, que não sou amigo de Vieira e não ganho jogos para lhos poder dedicar, aproveito a boleia e agradeço, já não a obra – essa não há quem não lha reconheça –, mas as equipas de gestão que criou e profissionalizou a ponto de não se ter dado pela ausência da sua carismática presidência no dia a dia do clube. Melhor homenagem de alguém a si próprio é impossível – não são, por isso, necessárias mais referências, mais homenagens de terceiros: é suficiente que o clube continue a funcionar dentro da normalidade.
3 O problema de Moreira de Cónegos não foi Jesus rodar jogadores – a riqueza do plantel justifica que o vá fazendo desde já. O problema foi a questão das prioridades, porque jogos de Champions e de Liga são todos prioritários, não há hierarquias possíveis, e foi também a história dos pontos perdidos, que contra equipas de outro campeonato jamais são recuperáveis – são avanços que se dão aos adversários diretos, tenha as jornadas que tiver por disputar a competição. O Benfica ganhou e ganhou merecidamente. Tudo está bem quando acaba bem?
4 Desenganem-se os que pensavam que a saga dos penáltis não assinalados a favor do Benfica tinha acabado com o fecho da época 2020/21. Aqueles de que beneficiámos na pré-época podem até ter criado essa ilusória ideia, todavia não eram se não penáltis “a feijões”. Bastou o primeiro jogo oficial de 2021/22 para o Benfica ser espoliado de dois, há quem defenda três, castigos máximos na capital russa. Já em Moreira, a dualidade de critérios de Vítor Ferreira e Luís Godinho foi de uma gritante incompetência.
5 Saúdo de igual forma, e sem exceção, todos os medalhados olímpicos portugueses. Estranho, porém, ver tantos arautos da inclusão incomodados com a esmagadora vitória do luso-cubano Pedro Pichardo. Ao antibenfiquismo primário somaram as dores dos (despropositados) ciúmes de Nelson Évora. Sossegue Pichardo: se não alcança a unanimidade no país, tem-na garantida entre os benfiquistas. Que são milhões.
6 A propósito de medalhados olímpicos: a não perder a entrevista do enorme Fernando Pimenta à BTV. Aconselhável a qualquer adepto do clube, obrigatória para os que envergam a camisola do Benfica a troco de principescos ordenados no fim de cada mês.
7 Já tenho comigo o bilhete para o BenficaSpartak da próxima terça-feira. É o regresso mais do que desejado a uma casa que frequento desde o dia da inauguração e que tenho o orgulho de modestamente ter “ajudado” a construir com a aquisição de um lugar de fundador – a homenagem possível ao meu tio-avô, Augusto Cancella de Abreu, responsável maior por o Benfica ter deslocado do Lumiar para a Luz, nos anos 40 do século passado, a construção do seu primeiro grande estádio.