“IREMOS ATÉ VISEU”
Volta foi abalada pela desistência da Euskadi, duas na RP-Boavista e outras duas no Atum General-Tavira. Joaquim Gomes mantém-se sereno
Com as equipas do anterior e do novo camisola amarela reduzidas a cinco homens, espera-se que não exista um foco de contágio dentro do pelotão. Se os casos aumentarem, “para o ano há mais”, diz Gomes
Há um ano, a Volta a Portugal arrancou no final de setembro, encurtada, num país toldado pelo medo e com um controlo sanitário tão rigoroso que não se registou um único caso de covid-19. No final, o Presidente da República deu os parabéns à Federação Portuguesa de Ciclismo, que organizara a corrida, por dar um sinal de que “o país está vivo”. Este ano as regras são as mesmas, há vacinas, mas também há público e uma situação diferente: Portugal tem uma média semanal de 2276 casos positivos, contra os 1052 de há um ano, na semana em que a corrida terminou. A Volta não tem escapado ao contágio e ontem abandonou a Euskaltel-Euskadi, com dois casos positivos, mais João Benta e Tiago Machado, colegas de quarto na Rádio Popular-Boavista, e Emanuel Duarte e o seu parceiro de quarto, David Livramento, da Atum General-Tavira.
Depois de na passada semana terem desistido a Caja Rural e dois ciclistas da Kern Pharma – sendo ainda afastado algum do staff organizativo –, ontem a situação era mais grave e até de difícil explicação. Preocupadas, as equipas não se limitam aos cuidados da organização, criando bolhas internas. É esse afastamento entre os próprios ciclistas que permite desistências aos pares e não de equipas inteiras. Mas este ano é difícil afastar por completo os familiares e amigos, aumentando o fator de risco.
“Depois de mais de ano e meio a lidar com uma pandemia que encerrou dezenas e dezenas de atividades económicas, sabíamos que ao organizar um evento de tão grande dimensão tudo podia acontecer”, disse Joaquim Gomes a O JOGO, pouco depois de ser informado dos cinco casos do dia (no Tavira o abandono de Livramento foi por precaução). “Sabemos, e isso está previsto, que numa situação extrema a corrida pode ter de parar”, anuiu, para no final da etapa deixar uma mensagem de ânimo: “Temos a esperança de que chegaremos a Viseu”.