O Jogo

FREITAS FEZ XEQUE AO REI

VOLTA A PORTUGAL Pela quinta vez seguida a etapa decidiu-se em fuga, esta ainda mais inesperada: Mason Hollyman estreou-se a ganhar, Daniel Freitas vestiu a amarela

- CARLOS FLÓRIDO

Numa edição cada vez mais imprevisív­el, a Rádio Popular-Boavista vestiu uma camisola amarela que não recebia desde 2006. Ataque da W52-FC Porto voltou a não acertar e o novo líder pode dar luta

Com metade das 10 etapas disputadas, a 82.ª Volta a Portugal tem Daniel Freitas, da Rádio Popular-Boavista, de camisola amarela vestida, e Alejandro Marque, da Atum General-Tavira, no segundo lugar – dois nomes que liquidaria­m qualquer aposta, sobretudo sabendo-se que fazem parte das duas equipas ontem reduzidas a cinco ciclistas pelos contágios de covid-19 (ver página 26). A corrida deste ano tem sido imprevisív­el como nunca ou, para sermos mais precisos, como naquela incrível edição de 2006 em que a camisola amarela mudou todos os 10 dias, passando ao segundo pelo corpo de Manuel Cardoso, da então Carvalhelh­osBoavista. Foi a última vez que os axadrezado­s lideraram.

Além de líderes inesperado­s, a Volta teve até agora todas as etapas ganhas por fugitivos, outro dos sintomas daquilo que tem marcado esta edição: a W52-FC Porto não tem dominado como é seu costume e a Efapel, segunda equipa mais forte, faz sobretudo uma marcação homem a homem aos portistas. Os treinadore­s dos dois lados, inebriados pelos seus “mind games” – Nuno Ribeiro dizia ontem que só tinha o Tavira como adversário, porque mais ninguém queria ganhar a Volta, numa indireta a Rúben Pereira –, têm deixado os outros ganhar espaço, como aconteceu com a incrível odisseia de Daniel Freitas.

O gaiense entrou na fuga de 17 ciclistas que se formou pouco depois do km 30 e na qual estavam Ricardo Mestre e Daniel Mestre, da W52FC Porto, mais as sombras Rafael Reis e Luís Mendonça, da Efapel. Numa tirada que passava pelo Grande Porto e que tinha milhares na estrada a aplaudir, os portistas capitaliza­vam o apoio popular ao mesmo tempo que desgastava­m o minúsculo Tavira: poupando o líder Marque e tendo Gustavo Veloso cheio de dores devido à queda de domingo, aos algarvios restavam três homens para trabalhar.

A diferença foi aumentando e, quando chegou aos 10 minutos, percebeu-se que Daniel Freitas, 16.º da geral, a 3m19s da amarela, podia esta a caminho de... ganhar a Volta a Portugal!

Na W52-FC Porto houve toque a reunir, até porque

Freitas, de 30 anos e antigo corredor dos dragões, provou o ano passado ser capaz de se defender, mas já não havia tempo para salvar tudo. A fuga entrava em Santo Tirso com mais de sete minutos de vantagem e a subida do Monte Córdova só permitiria reduzir a diferença para cinco. Na frente, já se jogava a etapa.

O Louletano tinha jogado na antecipaçã­o, isolando o argentino Tomas Contte, e o jovem britânico Mason Hollyman fora o primeiro a reagir, saindo em sua perseguiçã­o. Ricardo Mestre era a aposta da W52-FC Porto para ganhar a etapa, mas a escalada não seria suficiente para anular a grande festa da Israel Cycling Academy, a filial de formação da equipa World Tour, que festejava a maior vitória da sua curta história. Nem evitar a outra festa, a da RP-Boavista.

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 ??  ?? A QUINTA ETAPA SEGUIDA DECIDIDA EM FUGAS GEROU A TERCEIRA TROCA DE CAMISOLA AMARELA
A QUINTA ETAPA SEGUIDA DECIDIDA EM FUGAS GEROU A TERCEIRA TROCA DE CAMISOLA AMARELA

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