O Jogo

Nunca o líder fora afastado

Teste “suspeito” somou-se a positivos de Benta e Machado e Boavista ficou pela primeira vez de fora

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Daniel Freitas foi primeiro amarela da história impedido de correr pela pandemia, que gerou outro triste facto histórico: desde 1985 na Volta, axadrezado­s abandonara­m pela primeira vez

●●● Em Viana do Castelo, o pelotão da Volta preparava-se para o primeiro dos dias de muitocalor­quandogelo­ucom a notícia: a organizaçã­o informava que havia “um caso suspeito na equipa Rádio Popular-Boavista”. “Seguindo o protocolo, a equipa sai de prova”, acrescenta­va. O possível infetadoco­mcovid-19eraLuís Fernandes e, como se somava aos positivos de João Benta e Tiago Machado, detetados na véspera, o afastament­o era inevitável. De uma vez só, a pandemia gerava dois factos históricos: era a primeira vez que o líder de uma corrida internacio­nal, Daniel Freitas, tinha de abandonar devido ao vírus, e sem estar infetado; na Volta a Portugal desde 1985, o Boavista nunca fora afastado.

Sem os axadrezado­s na zona de partida, o restante pelotão, traumatiza­do pelos casos da véspera – cinco no total, levando ao abandono da Euskadi –, fez testes rápidos, para se perceber se a corrida estaria em perigo. Não estava, pois todos os 95 ciclistas restantes prosseguir­am.

Entre o choque do afastament­o da terceira equipa, primeira portuguesa, chegava outro, o da obrigação de Alejandro Marque, que na véspera descera a segundo da geral, vestir a camisola amarela dos boavisteir­os. “A camisola pertence ao Daniel Freitas. Pelo regulament­o temos de a levar, mas por respeito gostaria que não houvesse camisola amarela, em homenagem a ele”, afirmou o galego da Atum GeneralTav­ira-Maria Nova Hotel, que viu a sua pretensão recusada e só teve uma solução: escreveu “Dani Freitas” no peito. “A minha pequena homenagem é levar o seu nome, porque esta camisola é dele. No fim da Volta, vou dar-lha. Ele vai perder um dia em que iria desfrutar da amarela nas estradas da sua zona”, completou.

Quanto a Freitas, desalentad­o, limitava-se a uma mensagem nas redes sociais: “Não era desta maneira que queríamos acabar a Volta. Queríamos ir à luta e continuar a sonhar!”.

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Rádio Popular-Boavista foi da euforia em Santo Tirso ao desânimo em Viana

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