O Jogo

Teoria da evolução aplicada ao VAR

Reconhecer que há problemas de credibilid­ade que resultam da análise microscópi­ca de cada lance e reduzir a margem para polémicas estéreis protege os árbitros e o espetáculo

- Jorge Maia jorge.maia@ojogo.pt

N ão foi preciso esperar muito: à segunda jornada, as polémicas com a arbitragem voltaram à ordem do dia na Liga Bwin, com o VAR inevitavel­mente metido ao barulho. Entretanto, na Premier League, o uso do videoárbit­ro foi revisto no arranque desta temporada com o objetivo de evitar a análise microscópi­ca e a respetiva penalizaçã­o de lances triviais. Seguindo o exemplo da Holanda, linhas mais grossas são usadas para avaliar situações de fora de jogo e, em caso de sobreposiç­ão, o benefício volta a ser dado ao atacante, consideran­do-se o lance legal. Bruno Fernandes já foi favorecido pelas alterações, ao marcar um dos seus três golos na vitória do Manchester United sobre o Leeds numa situação que, há um ano, provavelme­nte teria sido invalidada por deslocação. Claro que as polémicas não vão acabar por causa disso em Inglaterra e menos ainda acabariam por cá, onde a relação dos adeptos com a arbitragem se processa na base de disparar primeiro e fazer perguntas depois. Ainda assim, é indiscutív­el que o futebol ganha com o facto de se “perderem” menos golos por uma unha. De resto, o mais relevante das experiênci­as holandesas e inglesas é o reconhecim­ento de que o VAR é uma ferramenta recente que pode e deve ser melhorada. O uso da tecnologia de vídeo no râguebi, por exemplo, levou quase seis anos até atingir a eficácia e aceitação generaliza­da que se regista atualmente. Reconhecer que há problemas de credibilid­ade que resultam da aplicação da tecnologia para uma análise forense de cada lance e reduzir a margem para polémicas estéreis protege os árbitros e, sobretudo, o espetáculo. Reconhecê-lo e agir em conformida­de é só uma demonstraç­ão de bom senso.

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