Teoria da evolução aplicada ao VAR
Reconhecer que há problemas de credibilidade que resultam da análise microscópica de cada lance e reduzir a margem para polémicas estéreis protege os árbitros e o espetáculo
N ão foi preciso esperar muito: à segunda jornada, as polémicas com a arbitragem voltaram à ordem do dia na Liga Bwin, com o VAR inevitavelmente metido ao barulho. Entretanto, na Premier League, o uso do videoárbitro foi revisto no arranque desta temporada com o objetivo de evitar a análise microscópica e a respetiva penalização de lances triviais. Seguindo o exemplo da Holanda, linhas mais grossas são usadas para avaliar situações de fora de jogo e, em caso de sobreposição, o benefício volta a ser dado ao atacante, considerando-se o lance legal. Bruno Fernandes já foi favorecido pelas alterações, ao marcar um dos seus três golos na vitória do Manchester United sobre o Leeds numa situação que, há um ano, provavelmente teria sido invalidada por deslocação. Claro que as polémicas não vão acabar por causa disso em Inglaterra e menos ainda acabariam por cá, onde a relação dos adeptos com a arbitragem se processa na base de disparar primeiro e fazer perguntas depois. Ainda assim, é indiscutível que o futebol ganha com o facto de se “perderem” menos golos por uma unha. De resto, o mais relevante das experiências holandesas e inglesas é o reconhecimento de que o VAR é uma ferramenta recente que pode e deve ser melhorada. O uso da tecnologia de vídeo no râguebi, por exemplo, levou quase seis anos até atingir a eficácia e aceitação generalizada que se regista atualmente. Reconhecer que há problemas de credibilidade que resultam da aplicação da tecnologia para uma análise forense de cada lance e reduzir a margem para polémicas estéreis protege os árbitros e, sobretudo, o espetáculo. Reconhecê-lo e agir em conformidade é só uma demonstração de bom senso.