Recompensa após um longo calvário
Miguel Rodrigues esteve mais de 24 meses sem jogar. Voltou no fim de semana passado, carimbou a vitória no último minuto e chorou
Foi internacional sub-21, mas uma pubalgia afastouo dos relvados. Conta que esteve quase “em depressão” e pagou do próprio bolso todos os tratamentos. Tem como objetivo voltar à I Liga
De 19 de maio de 2019 a 14 de agosto de 2021 vão dois anos e quase três meses. Este foi o tempo de paragem de Miguel Rodrigues, central que foi aofundodopoçoresgataracarreira para voltar a sorrir, na Liga 3, com a camisola do União de Santarém. “Estive emprestado meio ano ao Estoril, em 2018/19, e na época seguinte achava que ia fazer a pré-época. No último dia de férias soube que não seria integrado no plantel principal e fiquei a trabalhar à parte, em piso sintético. Comecei a apresentarqueixasdepubalgia,entretanto o mercado fechou e a situação agravou-se bastante em janeiro”, conta. “Em janeiro rescindi com o Rio Ave, estava exausto e quase a entrar em depressão... atualmente tenho 81 quilos, mas naquela altura tinha 71. Perdi muito peso. Depois veio a covid-19 e foi complicado para fazer a recuperação”, acrescenta.
Para se os tratamentos médicos, Miguel Rodrigues contou com a ajuda da família porque, garante, mais ninguém queria saber. “Quando não está tudo bem, ninguém te ajuda. Em agosto fui visto por Henrique Jones, especialista em pubalgia. Primeiro, fiz fatores de crescimento, mas continuava a sentir desconforto e fui, então, operado, em dezembro de 2020. Paguei tudo do meu bolso, cirurgia, ginásio, piscina...”, recorda. Foi então que a luz ao fundo do túnel começou a aparecer ao jogador, de 28 anos. “Em março, integrei o plantel do U. Leiria para recuperar e em junho assinei pelo U. Santarém. Sou de Fátima, queria ficar perto de casa e acreditaram em mim quando ninguém mais o fez. Só precisava de uma oportunidade”, atira.
E à primeira chance, Miguel correspondeu: deu a vitória na primeira jornada da Liga 3, por 2-1, no Oriental Dragon, com um golo no último minuto. “Eu disse que ia ter um dia especial. Deram-me a braçadeira de capitão e no final perguntaram-me se eu era bruxo”, conta.
“Disse que ia ter um dia especial. No final perguntaram-me se era bruxo”
Miguel Rodrigues
Jogador do U. Santarém