Domar o sprint depois do coma
Fabio Jakobsen (Deceuninck) ganha a quarta etapa da Vuelta um ano após ter a vida em risco
Rui Oliveira (UAE) foi ao sprint e foi 15.º, numa etapa em que o líder, Taaramae (Intermarché), foi ao chão, mas manteve a camisola vermelha. Na Ineos, Bernal desmente ser a cara da equipa
Fabio Jakobsen venceu a quarta etapa da Volta a Espanha, uma celebração de força no sprint e na vida. Há um ano, mais concretamente a 5 de agosto, o corredor da Deceuninck foi empurrado por Groenewegen (Jumbo) e foi arredado da Volta a Polónia, saindo sem danos cerebrais, mas com a vida em risco ao ser projetado a alta velocidade. Foi colocado em coma pela equipa médica após cirurgias à cabeça e rosto, ficando com apenas um dente e sem a certeza de voltar à bicicleta. Regressou à competição naVolta àTurquia, de abril, ainda sem os implantes dentários finalizados, mas foi capaz de mostrar o seu nível ao vencer duas etapas na Volta à Valónia, em julho. Outra coisa, porém, é ser o mais forte numa Grande Volta, corroborando a crença da Deceuninck que, ficando sem Sam Bennett (vai para a Bora), confia no neerlandês para partilhar com Cavendish o estatuto de sprinter. “É um sonho tornado realidade. Depois da queda foi um longo caminho, porque tomou muito tempo e esforço. Estou muito feliz. Esta é uma vitória de muita gente. Desde os doutores na Polónia, à minha família, até à segunda família: a equipa. Só estou aqui devido a eles”, assim explicou o ciclista, já vencedor em etapas da Volta ao Algarve e capaz de somar a terceira etapa na Volta a Espanha, sendo capaz de aproveitar a roda de Arnaud Démare (Groupama) em Molina de Aragón, batendo o francês e Magnus Cort (EF).
Rui Oliveira conduziu Trentin e terminou, pela UAE, no 15.º lugar, numa etapa que teve a queda do líder, Rein Taaramae (Intermarché) dentro dos últimos três quilómetros. Saindo com escoriações, o estónio tem o tempo ratificado pela regra dos últimos 3000 metros e continuará com a vermelha, numa tirada plana que foi nervosa e teve equipas atentas a possíveis ataques.
A Ineos, que viu Richard Carapaz perder 1m20 na subida de Picón Blanco na terceira etapa, tem Bernal e Adam Yates para a conquista, mas o colombianodescartaserolíderúnico: “O Carapaz não perdeu assim tanto tempo. A Vuelta é longa e tudo pode acontecer”, analisou Bernal, vencedor do Giro’2021.
A quinta tirada termina em Albacete e é outra apontada aos sprinters.
“É um sonho tornado realidade. Depois da queda foi um longo caminho. É uma vitória de muita gente. Desde os doutores, à equipa e à família”
Fabio Jakobsen
Ciclista da Deceuninck-Quick Step