TAPADO NUM LADO E A METER ÁGUA NO OUTRO
Da ameaça à primeira perda de pontos do FC Porto passou uma semana. Marítimo foi subjugado a maior parte do tempo, mas eficaz quando teve de o ser
Foi pelo lado (direito) que menos dores de cabeça tem causado a Conceição que os madeirenses chegaram ao empate. Péssimo relvado foi um obstáculo, mas o gás dos dragões só durou até à botija de Díaz ficar vazia
Mais frustrante do que quase ceder um empate num jogo em que se é maioritariamente dominador será mesmo consenti-lo,como sucedeu ontem com o FC Porto, o primeiro dos crónicos candidatos ao título a perder pontos no campeonato. Os dragões não levaram a sério o aviso que sofreram há uma semana, em Famalicão, e foram castigados frente a um Marítimo muito eficaz no ataque, sofrendo o golo que ditou a igualdade final no período de descontos da primeira parte. Valeu de muito pouco a Sérgio Conceição tapar o buraco que identificou à esquerda da defesa com Marcano, já que, desta vez, foi pelo lado contrário que a equipa meteu água, depois de Toni Martínez e companhia terem gozado de ocasiões suficientes para saírem para o intervalo descansados. Não as concretizaram e, mais tarde, quando tentaram retomar a dianteira, começaram a perder gás à medida que a botija de Luis Díaz se foi esvaziando, o único elemento do ataque que se destacou na “horta” dos Barreiros.
Mesmo com esse obstáculo acrescido, o FC Porto esteve sempre por cima no jogo, perante um Marítimo que não teve qualquer problema em dar a bola ao adversário. Pelo contrário. Júlio Velázquez baixou linhas, colocou Xadas a tentar explorar o espaço entre a dupla de médios portistas e a de centrais e acreditou que a mobilidade de André Vidigal e Alipour pudesse perturbar a tranquilidade de Diogo Costa. Nem uma, nem outra ideia resultaram em pleno na primeira metade, muito por ação da pressão exercida e pela reação à perda de Bruno Costa e Uribe, mas também de Luis Díaz. Até ao minuto 35, altura em que apontou o único golo portista, já havia desenhado quatro jogadas de perigo e, numa delas, Taremi e Toni Martínez não festejaram por muito pouco: o iraniano, porque Rossi travou o remate em cima da linha; o espanhol, porque tropeçou na bola na hora da recarga.
Atingida a vantagem, o FC Porto tentou controlar e deu a possibilidade ao Marítimo de se esticar, aproveitando alguns espaços concedido por João Mário à direita. No primeiro ensaio André Vidigal atirou para as nuvens, mas no segundo Xadas não falhou, na sequência de uma incursão de Vítor Costa pelo mesmo lado. Velazquez saía para o balneário como desejava e convidava os dragões a voltar à carga. O protagonista do assalto era quase sempre Díaz e nem Cláudio Winck, nem Jorge Saenz o pareciam ser capazes de o travar. Ainda assim, coube a Vidigal a melhor ocasião, numa jogada de contra-ataque, que o atacante desviou para o poste.
Conceição lançou todas as unidades ofensivas que tinha à disposição para tentar chegar ao triunfo (Corona, Pepê, Evanilson, Fábio Vieira e Francisco Conceição), mas nenhuma resultou, até porque, por essa altura, já o Marítimo tinha montado um muro à frente de Paulo Vítor. Aliás, a melhor oportunidade do FC Porto para desfazer o empate surgiu só no quarto minuto de descontos, na sequência de erros do guardaredes, um deles salvo pelo poste.