O Jogo

LUVAS DE FERRO E UMA LIÇÃO DE SUPERAÇÃO

HERÓICO A jogar com 10 desde os 32’, águias mostraram espírito de sacrifício e grande leitura tática. Houve ainda sorte e um Vlachodimo­s que se agarrou aos milhões

- Textos VÍTOR RODRIGUES

Lucas Veríssimo quase deitou por terra a estratégia de Jesus, que depois equilibrou a equipa em vários momentos. Objetivo de marcar desvaneceu­se, a missão de defender bem merece nota máxima

O Benfica carimbou ontem o passaporte para a fase de grupos da Liga dos Campeões, objetivo primeiro da época que permite um encaixe imediato de 37 milhões de euros, benefician­do de um nulo conquistad­o à base de um espírito de superação de um grupo de jogadores que contou, de novo, com um guardião com luvas de ferro entre os postes. Vlachodimo­s salvou as águias em vários momentos, a sorte também deu uma mãozinha, mas a superação e a capacidade tática e estratégic­a revelaram-se também determinan­tes na hora de deixar às escuras às intenções do PSV Eindhoven, que procurava anular a derrota, por 2-1, da primeira mão.

Lucas Veríssimo deixou a equipa à beira do precipício logo aos 32’, com uma falta escusada (cotovelo na cara de Gakpo num lance dividido no ar) a resultar no segundo amarelo que obrigou a equipa a jogar em inferiorid­ade numérica mais de uma hora. Esse lance surgiu num momento do jogo em que se via já um PSV amarrado pela estratégia montada por Jorge Jesus e já depois de ter sido o Benfica a cheirar o golo, por Rafa (28’ ), e de Max ter assustado com um tiro à malha lateral (30’ ).

Recuando no tempo, Jorge Jesus manteve o esquema de três centrais (com Morato de início em vez do recuperado Vertonghen), com Gilberto e Grimaldo nas alas. A surpresa chegou com a inclusão de Taarabt, a funcionar como terceiro médio (Pizzi ficou no banco), ficando o ataque entregue à dupla Rafa-Yaremchuk. Com João Mário a fechar bem na direita na proteção ao lateral e Weigl a desmultipl­icar-se na ocupação de espaços, o Benfica manteve-se coeso e o PSV, que arrancou a partida a todo o gás, viu-se bloqueado, sobretudo por lhe ter sido fechada a porta do ataque à profundida­de nas alas.

A verdade é que o Benfica a jogar com três médios asfixiou o tridente do miolo do PSV e, com isso, deixou os perigosos extremos Gakpo e Madueke sem possibilid­ade de explorar as costas de Gilberto e Grimaldo, este a fazer um jogo muitos furos acima do que mostrou na Luz, ressentind­o-se o dianteiro Zahavi, que jogou mais recuado e longe da baliza. Em posse de bola, a intenção encarnada era clara e passava pela aposta na progressão de Taarabt, para queimar linhas e procurar desequilib­rar uma defesa contrária que, pelo balanceame­nto atacante, poderia dar mais espaços. Aos 28’, o marroquino arrancou e só um carrinho de André Ramalho, já na pequena área, evitou o golo de Rafa.

Com a expulsão, o objetivo de marcar em Eindhoven esfumou-se com a expulsão de Lucas Veríssimo e a missão de defender bem, como havia referido Jorge Jesus na véspera, ganhou preponderâ­ncia. E o que se viu a seguir foi mesmo isso, uma lição de leitura tática, do técnico das águias e dos seus jogadores, com ajuda decisiva de Vlachodimo­s, a evitar golos aos 42’, 77’ e 85’ (este em dose dupla). Já tinha salvo na Luz, voltou a fazê-lo em Eindhoven. De caras, o melhor em campo.

Gilberto passou para terceiro central, com Rafa à direita e Yaremchuk sozinho na frente. Depois foi André Almeida a suceder ao brasileiro e também Vertonghen ajudou a erguer um muro à frente da baliza, mantendose Weigl, incansável, a varrer jogo à saída da área. O PSV insistiu, Roger Schmidt carregou homens de ataque e teve o azar, qual Euromilhõe­s para as águias, quando Zahavi, solto na área, atirou à barra (62’), lance que poderia ter desequilib­rado a eliminatór­ia, até pelo desgaste físico dos encarnados e por estar a jogar apenas com 10 elementos. Depois do ferro, foi Vlachodimo­s a salvar (85’), numa fase em que o Benfica só defendia, mas os neerlandes­es já tinham esgotado todas as opções para quebrar uma águia que se recusou a ajoelhar antes dos milhões, ao contrário do que sucedeu na época passada com o PAOK.

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