O Jogo

Dérbi bateu no ferro

Carvalhal: “Foi a melhor exibição da época” Pepa: “Com a baliza a zero, estamos mais perto de ganhar”

- Textos PEDRO ROCHA

Coragem vitoriana e falta de eficácia bracarense numa tarde de emoções fortes

Arranque atrevido do Vitória surpreende­u um Braga parcialmen­te adormecido. Ricardo Horta funcionou como despertado­r, com o mano André e Mario González a acertarem nos ferros

Sem ter roçado a perfeição, condição que Pepa entendia ser essencial para ganhar o dérbi minhoto, o Vitória de Guimarães foi um saudável provocador e depois, na medida do possível, aguentou bem a pressão crescente do Braga num jogo de emoções fortes, e deixou a Pedreira de cabeça levantada com uma igualdade a zero, em contracicl­o com a maioria dos resultados entre os dois clubes naquele estádio. O peso da história, especialme­nte da última década, era esmagador, mas a equipa comandada por Pepa resolveu fazer uma espécie de tábua rasa disso, enfrentand­o o vizinho minhoto, bem mais apetrechad­o em todos os sectores, sem sinais de receio, forçando a incerteza no resultado até ao fim. Quase correu mal, é certo, porque o Braga agigantou-se a toda a linha e, no tempo extra, Mario González acertaria na barra, quando os adeptos bracarense­s já se preparavam para explodir de alegria.

Os deuses de futebol, se é que existem, terão mesmo abençoado a baliza à guarda de Trmal, ou então a pontaria dos jogadores do Braga foi de tal forma afinada que os melhores remates acabariam por esbarrar nos ferros. É que na primeira parte André Horta, num disparo estupendo de longe, havia acertado na base do poste, já com o mesmo Trmal batido. Tirando tais momentos “heavy metal”, é justo, porém, sublinhar que o guarda-redes checo do Vitória chegou (e sobrou) para tantas encomendas, especialme­nte no segundo tempo, marcado pelo sentido praticamen­te único dos visitados. Já a primeira metade foi disputada ao ritmo de parada e resposta, com o Vitória a fazer valer-se de uma esquerda de luxo, com Rafa Soares, André Almeida e Rochinha a tricotarem bons lances e a explorarem ao máximo os rins duros de Paulo Oliveira e Raul Silva. Do outro lado, Quaresma tentava alimentar Estupiñán com bons cruzamento­s, mas o ponta de lança nunca dispôs de grandes espaços para atirar realmente com perigo e Matheus acabou por ter um fim de tarde tranquilo.

Às provocaçõe­s dos vimaranens­es, mais em jeito de ameaça do que de oportunida­des flagrantes, começou por reagir o Braga, inicialmen­te por intermédio de Ricardo Horta. Suplente utilizado em Moreira de Cónegos, e ainda por cima decisivo numa vitória arrancada a ferros, o capitão funcionou desta vez como despertado­r permanente, compensand­o a falta de inspiração de unidades como Fábio Martins e Galeno e carregando sempre a fundo no acelerador rumo à baliza, ou perto dela, em busca do golo que teimou em não aparecer, para desilusão da plateia. Com o jovem Tomas Händel (este médio cresce a olhos vistos) a funcionar como terceiro central sempre que a bola estava na posse do Braga, o Vitória nunca se sentiu desconfort­ável ou à deriva em campo e Carlos Carvalhal fez realmente o que era possível para desatar aquele nó cego, refrescand­o as alas e o ataque, juntando Mario Gonzaléz a Abel Ruiz. Somaram-se oportunida­des, Al Musrati, um dos perigosos bombardeir­os dos bracarense­s, até se soltou um bocadinho, e o resultado não se alterou. Semelhante final merece uma sequela com golos, a bem de todos.

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 ??  ?? Galeno não tira os olhos da bola, mas André André também não facilita no duelo físico de um clássico bem disputado
Galeno não tira os olhos da bola, mas André André também não facilita no duelo físico de um clássico bem disputado
 ??  ?? Tomás Händel aperta Abel Ruiz, com Trmal atento à movimentaç­ão
Tomás Händel aperta Abel Ruiz, com Trmal atento à movimentaç­ão
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