Dérbi bateu no ferro
Carvalhal: “Foi a melhor exibição da época” Pepa: “Com a baliza a zero, estamos mais perto de ganhar”
Coragem vitoriana e falta de eficácia bracarense numa tarde de emoções fortes
Arranque atrevido do Vitória surpreendeu um Braga parcialmente adormecido. Ricardo Horta funcionou como despertador, com o mano André e Mario González a acertarem nos ferros
Sem ter roçado a perfeição, condição que Pepa entendia ser essencial para ganhar o dérbi minhoto, o Vitória de Guimarães foi um saudável provocador e depois, na medida do possível, aguentou bem a pressão crescente do Braga num jogo de emoções fortes, e deixou a Pedreira de cabeça levantada com uma igualdade a zero, em contraciclo com a maioria dos resultados entre os dois clubes naquele estádio. O peso da história, especialmente da última década, era esmagador, mas a equipa comandada por Pepa resolveu fazer uma espécie de tábua rasa disso, enfrentando o vizinho minhoto, bem mais apetrechado em todos os sectores, sem sinais de receio, forçando a incerteza no resultado até ao fim. Quase correu mal, é certo, porque o Braga agigantou-se a toda a linha e, no tempo extra, Mario González acertaria na barra, quando os adeptos bracarenses já se preparavam para explodir de alegria.
Os deuses de futebol, se é que existem, terão mesmo abençoado a baliza à guarda de Trmal, ou então a pontaria dos jogadores do Braga foi de tal forma afinada que os melhores remates acabariam por esbarrar nos ferros. É que na primeira parte André Horta, num disparo estupendo de longe, havia acertado na base do poste, já com o mesmo Trmal batido. Tirando tais momentos “heavy metal”, é justo, porém, sublinhar que o guarda-redes checo do Vitória chegou (e sobrou) para tantas encomendas, especialmente no segundo tempo, marcado pelo sentido praticamente único dos visitados. Já a primeira metade foi disputada ao ritmo de parada e resposta, com o Vitória a fazer valer-se de uma esquerda de luxo, com Rafa Soares, André Almeida e Rochinha a tricotarem bons lances e a explorarem ao máximo os rins duros de Paulo Oliveira e Raul Silva. Do outro lado, Quaresma tentava alimentar Estupiñán com bons cruzamentos, mas o ponta de lança nunca dispôs de grandes espaços para atirar realmente com perigo e Matheus acabou por ter um fim de tarde tranquilo.
Às provocações dos vimaranenses, mais em jeito de ameaça do que de oportunidades flagrantes, começou por reagir o Braga, inicialmente por intermédio de Ricardo Horta. Suplente utilizado em Moreira de Cónegos, e ainda por cima decisivo numa vitória arrancada a ferros, o capitão funcionou desta vez como despertador permanente, compensando a falta de inspiração de unidades como Fábio Martins e Galeno e carregando sempre a fundo no acelerador rumo à baliza, ou perto dela, em busca do golo que teimou em não aparecer, para desilusão da plateia. Com o jovem Tomas Händel (este médio cresce a olhos vistos) a funcionar como terceiro central sempre que a bola estava na posse do Braga, o Vitória nunca se sentiu desconfortável ou à deriva em campo e Carlos Carvalhal fez realmente o que era possível para desatar aquele nó cego, refrescando as alas e o ataque, juntando Mario Gonzaléz a Abel Ruiz. Somaram-se oportunidades, Al Musrati, um dos perigosos bombardeiros dos bracarenses, até se soltou um bocadinho, e o resultado não se alterou. Semelhante final merece uma sequela com golos, a bem de todos.