O Jogo

“Podermos ser profission­ais já é um privilégio”

Com o passar dos anos, o futebol feminino tem evoluído. A médio acredita que atualmente quem pratica a modalidade tem de “aproveitar as oportunida­des que estão a ser dadas”

- FILIPA MESQUITA

●●● “Dou muito valor a tudo o que o clube e a Seleção me oferecem”, foi desta forma que Dolores Silva começou a explicar as diferenças, na comparação de realidades entre a atualidade e os tempos em que começou na modalidade.

O facto de ter de se adaptar a uma equipa sénior muito nova deu-lhe o sentido de responsabi­lidade que uma capitã deve ter?

—Sim, creio que sim. Os tempos eram diferentes, as nossas condições e realidades eram diferentes, e éramos obrigadas a crescer no contexto em que estávamos inseridas, conforme as pessoas que nos rodeavam. Acho que sempre tive a sorte de aprender com as melhores e tirar delas o melhor.

Há alguém que veja como referência?

—Uma das grandes referência­s que tenho como líder é a Carla Cristina, que também foi capitã da Seleção Nacional. Antigament­e tínhamos outro tipo de dificuldad­es e isso obrigou-nos a crescer e a ver as coisas de forma diferente.

Hoje em dia há alguma mensagem que passe?

—A mensagem que tento passar é para as mais novas aproveitar­em as oportunida­des e as condições que lhes estão a ser dadas. Há uns tempos era impensável termos tanta coisa. Elas têm mesmo de dar valor. Eu dou mesmo muito valor ao clube me oferece, e até a Seleção.

Quais são as maiores diferenças entre quando começou e agora?

— Antes, tínhamos de levar os nossos equipament­os para casa para os lavar, por exemplo. Muitas vezes, treinávamo­s com calções de cores diferentes. Não havia patrocínio­s de chuteiras, era impensável, sequer. Tínhamos de comprar o nosso material. Isso, hoje em dia, já é uma coisa comum. Há uns anos, era impensável termos um nutricioni­sta e um psicólogo, por exemplo. E isso são coisas fundamenta­is para um atleta profission­al, sobretudo quando se chega a um patamar onde a exigência é maior. Esse tipo de coisas faznos afinar pormenores e fazer de nós melhores e mais profission­ais; acho que é a grande diferença. E o facto de já podermos ser profission­ais em Portugal a fazer aquilo que mais gostamos, não podíamos ser mais privilegia­das. Há um longo caminho ainda, mas tem havido uma evolução muito grande. Não só o Braga, mas os outros clubes também já começam a ver que é necessário haver essa aposta para fazer com que o futebol feminino evolua.

Uma das grandes referência­s no mundo do futebol feminino para Dolores Silva é antiga internacio­nal portuguesa Carla Cristina

Nos dias de hoje, a médio salienta a importânci­a de haver o acompanham­ento de nutricioni­stas e psicólogos nos clubes

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Dolores Silva diz que ainda há muito para evoluir

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