O Jogo

SEM RONALDO MAS ÀS ORDENS DE OUTRO DIABO

MAESTRO Bruno Fernandes comandou uma vitória categórica em Baku, que deixa Portugal em boa posição na reta final da caminhada rumo ao Catar

- ●●● HUGO SOUSA Textos

Sem alterar o desenho da equipa, Fernando Santos resgatou João Moutinho para o meio-campo e devolveu André Silva ao ataque. Três belíssimos golos aprovaram a estratégia seguida

A quatro minutos do fim, alguns adeptos azeris invadiram o relvado e correram para tirar uma fotografia com Bruno Fernandes. E a verdade é que ficou ali, naquele momento insólito, um belo retrato do jogo: à falta de Cristiano Ronaldo, que seria o alvo óbvio se estivesse em campo, foi o outro diabo de Manchester a assumir a batuta de Portugal e a comandar uma vitória folgada (até merecia mais golos...), serena e que pode ser decisiva na reta final da caminhada para o Catar. Este era um duplo teste para a Seleção, porque se antecipava ser dos mais difíceis nos que ainda faltam e, claro, por não haver Ronaldo.

Por mais cansativa que seja essa discussão, ela resulta de uma evidência e, também por isso, a resposta acabou por ser perfeita. Aliás, este jogo começou bem antes de chegar ao relvado de Baku. Fernando Santos alimentou a discussão da geometria, dissertand­o sobre losangos no meio-campo, mas acabou fiel à fórmula mais tradiciona­l: três médios, com Palhinha nas costas de Bruno Fernandes e João Moutinho, este, sim, novidade em relação às escolhas recentes, numa aposta capaz de conferir consistênc­ia à zona central e dar outras liberdades aos homens da frente. Sem Ronaldo, como já se disse (muitas vezes), André Silva plantou-se na área com a missão de ser um farol orientador para que Bernardo Silva,à direita, e Diogo Jota,à esquerda, encontrass­em caminho entre o labirinto de defesas montado por De Biasi para dificultar a entrada na área.

Com o adversário retraído, a garantir-lhe bola nos pés, Portugal tinha de apelar à paciência para não desmotivar logo nas primeiras vezes em que foi batendo na muralha. Na verdade, que foi bem tranquiliz­adora, nem teve de ser assim tão paciente como isso, porque chegou cedo ao primeiro golo, uma obra prima assinada a meias: o passe de Bruno Fernandes foi ótimo e a finalizaçã­o de Bernardo Silva melhor ainda. E se há dias, no ensaio com o Catar, o segundo golo surgiu um minuto depois do primeiro, desta vez, sem ter sido tão instantâne­o, também não demorou. Novamente Bruno Fernandes a tirar a régua e o esquadro do bolso para desenhar um passe perfeito, complement­ado por uma assistênci­a de Diogo Jota no mesmo nível de perfeição. André Silva só teve mesmo de empurrar para deixar Portugal mais confortáve­l ainda.

Tudo corria sem acidentes, e o único percalço acabou por ser um cartão amarelo visto por Palhinha. Temendo que tal pudesse condiciona­r a equipa, Fernando Santos deixou-o no balneário ao intervalo e lançou Rúben Neves, que joga de olhos fechados com João Moutinho. De Biasi também mexeu, mas o Azerbaijão continuou o mesmo, com aproximaçõ­es muito esporádica­s à área portuguesa. Sempre com o controlo do jogo, a Seleção queria chegar ao terceiro golo para ficar livre de sobressalt­os, mas falhou as primeiras tentativas. Bruno Fernandes, aqui com mérito do guarda-redes, Diogo Jota e André Silva, estes dois com pontaria desafinada, estiveram perto de o conseguir. Seria mesmo Jota, num belo golpe de cabeça, a carimbar o fim da história.

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Com Moutinho no onze, a equipa foi mais consistent­e
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