O Jogo

Acabará em homicídio ou em suicídio?

- José Manuel Ribeiro jm.ribeiro@ojogo.pt

Se todas as semanas de futebol forem como as duas últimas, teremos adeptos portuguese­s entusiasma­dos para muitas décadas. Cada uma à sua maneira, FIFA e UEFA acreditam nisto

E nquanto a FIFA prepara o futuro do futebol com a Arábia Saudita e a UEFA parte numa cruzada pela pureza do jogo de língua na boca com o Catar, os adeptos portuguese­s viveram duas espetacula­res semanas de futebol. República da Irlanda, o próprio Catar e um tremendo Azerbaijão para assentar o estômago. Sem ironias, são três potências. Dos votos de federações tão poderosas como essas dependerá o vencedor da batalha: os árabes roubam o futebol à Europa pela via das seleções ou pela via dos clubes? Teremos o caos lançado através de Mundiais jogados de dois em dois anos ou pela carta-branca que a UEFA dá ao compincha Paris Saint-Germain para prosseguir a hiperinfla­ção do mercado (e com isso empurrando os clubes para a Superliga que Ceferin diz combater)? Em qualquer dos casos, haverá sempre um ataque ao futebol europeu sabotado por Estados obscuros cujo propósito – entre múltiplas possibilid­ades - não é de certeza beneficiar o jogo, nem favorecer os adeptos do Velho Continente. O futebol e o futebol europeu são entidades diferentes e adversária­s. O primeiro vale quase nada sem o segundo. O segundo vende-se a qualquer estrangeir­o sem fazer perguntas. O primeiro esforça-se por roubar tudo o que puder ao segundo, sem pensar (ou pensando e borrifando-se) que o futuro depende de manter as competiçõe­s europeias saudáveis. O segundo está viciado em álcool russo, colesterol árabe e toucinho chinês, mas já de olho em subir a parada para os opioides americanos. No fundo, a pergunta que devemos fazer-nos é: isto acabará em homicídio ou em suicídio?

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