Ideal olímpico no balneário
Reforços israelita e palestiniano convivem em evidente sintonia no ataque de Armando Evangelista
Or Dasa nasceu em Israel, Oday Dabbagh na Palestina e o futebol juntou-os na aventura de manter o emblema arouquense no mapa da liga principal. Os primeiros sinais mostram uma aliança prometedora
O balneário do Arouca esta temporada é um exemplo prático da mensagem olímpica de paz e amizade entre as nações. Da mesma forma que, na antiguidade, os territórios em conflitos faziam tréguas em tempos de competições olímpicas, no balneário da equipa arouquense conflitos históricos e divisões ficam à margem, trabalhando-se em união para o objetivo comum de manter a equipa firme no escalão principal. Entre os reforços há um atleta israelita, Or Dasa, e um palestiniano, Oday Dabbagh, atacantes oriundos de de nações que perpetuam um drama histórico e ali convivem em sintonia, como já se viu no pouco tempo que tiveram de competição juntos.
As tensões entre israelitas e palestinianos começaram no final do século XIX e o conflito eclodiu em 1920. Desde então, este é um território de instabilidade política e social, com violência e opressão sem fim à vista.
Em Arouca, a cerca de quatro mil quilómetros de distância (em linha reta) da Faixa de Gaza, a trégua olímpica é... o quotidiano. No jogo com o FC Porto, no Dragão, a dupla não precisou de muito tempo para se mostrar em sintonia. Dabbagh entrou aos 80’ e Or Dasa cinco minutos depois. Aos 88’, foi Or Dasa a puxar jogo pelo interior e contemporizar para a desmarcação de Dabbagh, colocando-lhe a bola para o palestiniano tentar encontrar espaço de entrada na área portista. Dentro das quatro linhas, sem ponderar nada para além do que os une, trabalha-se em equipa, num território de paz e entendimento que o tempo tornará cada vez mais perfeito.