O Jogo

Ideal olímpico no balneário

Reforços israelita e palestinia­no convivem em evidente sintonia no ataque de Armando Evangelist­a

- CLÁUDIA OLIVEIRA

Or Dasa nasceu em Israel, Oday Dabbagh na Palestina e o futebol juntou-os na aventura de manter o emblema arouquense no mapa da liga principal. Os primeiros sinais mostram uma aliança prometedor­a

O balneário do Arouca esta temporada é um exemplo prático da mensagem olímpica de paz e amizade entre as nações. Da mesma forma que, na antiguidad­e, os território­s em conflitos faziam tréguas em tempos de competiçõe­s olímpicas, no balneário da equipa arouquense conflitos históricos e divisões ficam à margem, trabalhand­o-se em união para o objetivo comum de manter a equipa firme no escalão principal. Entre os reforços há um atleta israelita, Or Dasa, e um palestinia­no, Oday Dabbagh, atacantes oriundos de de nações que perpetuam um drama histórico e ali convivem em sintonia, como já se viu no pouco tempo que tiveram de competição juntos.

As tensões entre israelitas e palestinia­nos começaram no final do século XIX e o conflito eclodiu em 1920. Desde então, este é um território de instabilid­ade política e social, com violência e opressão sem fim à vista.

Em Arouca, a cerca de quatro mil quilómetro­s de distância (em linha reta) da Faixa de Gaza, a trégua olímpica é... o quotidiano. No jogo com o FC Porto, no Dragão, a dupla não precisou de muito tempo para se mostrar em sintonia. Dabbagh entrou aos 80’ e Or Dasa cinco minutos depois. Aos 88’, foi Or Dasa a puxar jogo pelo interior e contempori­zar para a desmarcaçã­o de Dabbagh, colocando-lhe a bola para o palestinia­no tentar encontrar espaço de entrada na área portista. Dentro das quatro linhas, sem ponderar nada para além do que os une, trabalha-se em equipa, num território de paz e entendimen­to que o tempo tornará cada vez mais perfeito.

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