Milhões para Vieira antes da ida a Kiev
Informação enviada pelo ex-presidente sobre a proposta de venda das suas ações deverá ser discutida pela Direção na próxima segunda-feira
Investidor paga ao anterior líder das águias 5,9 milhões de euros, mas o clube tem direito de preferência e será esta decisão que terá de ser tomada, sendo certo que as opiniões internas dividem-se nesta altura
Há no seio encarnado quem concorde com a compra das ações que Luís Filipe Vieira se prepara para vender a um investidor, num negócio que ronda os 5,9 milhões de euros, mas O JOGO apurou que as vozes discordantes poderão sobrepor-se já na próxima segunda feira. Na véspera do jogo em Kiev, com o Dínamo, que marca o arranque da fase de grupos da Liga dos Campeões, os milhões a canalizar ou não para a conta bancária do anterior presidente serão alvo de discussão na Luz, em reunião de Direção.
Um dos temas em cima da mesa será a aprovação do regulamento eleitoral para as eleições de dia 9 de outubro, mas o prato forte do encontro diretivo será mesmo a análise à informação que chegou ao clube e a SAD posteriormente difundiu num comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Um investidor, presume-se que o americano John Textor, ofereceu a Vieira cerca de 5,9 milhões de euros pelos 3,28% do capital da sociedade encarnada que tem na sua posse. Mediante decisão do anterior líder lavrada em ata, o Benfica tem direito de preferência na compra das ações, caso decida igualar a oferta, sendo o dia 15 deste mês a data limite para a exercer.
Mesmo estando demissionária, como forma de provocar o agendamento de eleições antecipadas, a Direção agora presidida por Rui Costa terá competência para tomar a decisão sobre pagar a Luís Filipe Vieira os referidos milhões e, com isso, reforçar os capitais na posse do clube ou, em sentido contrário, evitar este investimento e deixar o processo de venda seguir os trâmites normais. Esta opção estará nesta fase a ganhar mais força internamente, mas há informações que ainda podem ter alguma influência na decisão e que já foram pedidas a Luís Filipe Vieira, nomeadamente a identidade do investidor e os termos concretos da oferta.
Do lado de fora do clube, o movimento Servir o Benfica foi o primeiro a pronunciarse sobre o tema e a solicitar a Rui Costa que não compre as ações. “O Sport Lisboa e Benfica (o Clube) é o maior acionista da Benfica SAD, controlando 63,65% do seu capital social, pelo que uma participação adicional de 3,28% nada acrescenta ao Clube em termos de controlo estratégico da sua principal atividade, o futebol profissional. Por outro lado, o preço proposto pelo Sr. Luís Filipe Vieira é 80% acima do valor das ações em bolsa”, pode ler-se em comunicado, devendo hoje outros quadrantes benfiquistas, como o candidato vencido nas últimas eleições Noronha Lopes e o movimento Benfica Bem Maior, liderado por João Braz Frade, seguir o mesmo caminho.