O Jogo

Desporto homenageou Jorge Sampaio

Liga e FPF decretaram um minuto de silêncio em todas as competiçõe­s. Três dias de luto nacional pelo desapareci­mento do antigo PR

- CARLOS PEREIRA SANTOS

Morreu ontem, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, onde estava internado há uma semana, Jorge Sampaio, Presidente da República, entre 1996 e 2006. O país ficou numa profunda tristeza

De todas as expressões que ao longo do dia de ontem foram ditas para expressar o sentimento pela morte do exPresiden­te da República Jorge Sampaio, a mais ouvida/lida foi “partiu um homem bom”. E isto não é muito comum dizer-se de um político exposto diariament­e à crítica, como aconteceu com ele. Jorge Sampaio foi o presidente de todos os portuguese­s entre 1996 e 2006, sucedendo a Mário Soares, e logo aí se percebeu a dimensão da sua tarefa. Nos seus dois mandatos, atravessou duas crises políticas muito sérias, como foi a demissão de António Guterres e a dissolução da Assembleia da República, “por estar farto” da gestão de Santana Lopes como primeiro-ministro. Foi nos seus dois mandatos, e muito por intervençã­o sua, que Timor ganhou a independên­cia, depois de “muitas noites sem dormir”, como ele próprio contaria numa entrevista. Outro momento marcante foi a entrega de Macau à China, o último bastião português no Extremo Oriente. Esteve na frente das primeiras lutas estudantis (1961 e em 1969), foi um dos advogados que negociou a libertação do presos políticos no 25 de Abril e ainda um notável presidente da Câmara de Lisboa, protagoniz­ando a primeira aliança com o Partido Comunista. E gostava muito de futebol. Para além de melómano, Jorge Sampaio era adepto e um dos sócios mais antigos do Sporting, gostou sempe de golfe, e foi um entusiasta do Euro’2004 em Portugal.

O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, lembrou que Jorge Sampaio acompanhou a comitiva do clube a Sevilha, para a final da Taça UEFA, que o FC Porto acabou por conquistar, em triunfo sobre o Celtic, e a “intervençã­o decisiva” no projeto do Estádio do Dragão.

“Tenho que, em primeiro lugar, lamentar o desapareci­mento de tão ilustre personalid­ade, que teve uma vida notável ao serviço de Portugal e lamentar também a perda do homem junto dos seus familiares, nomeadamen­te junto da sua esposa Maria José Ritta, por quem eu tenho uma grande consideraç­ão. Tenho as melhores recordaçõe­s dele, lembro-me que nos acompanhou a Sevilha e viveu com grande entusiasmo o nosso sucesso na Taça UEFA. E lembro-me também da importânci­a que teve naquele estúpido incidente com o então presidente da câmara Rui Rio, que nos ia tramando em todo o projeto do Estádio do Dragão”. “A sua intervençã­o foi decisiva”, resumiu.

As reações à morte do antigo

Presidente vão da direita à esquerda e todos lhe reconhecem a relevância que teve na democracia portuguesa.

Atualmente, presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por ele em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens para trás sem acesso à educação. Estava a tratar de estender essa plataforma às jovens afegãs.

Foram decretados três dias de luto nacional; a Liga e a FPF decretaram um minuto de silêncio em todas as competiçõe­s.

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JOrge Sampaio faleceu ontem, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa

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