O Jogo

Impossível esquecer

- Carlos Pereira Santos

L embro-me bem da excitação nos dias anteriores à minha partida para Liverpool. Como bom beatlemaní­aco, ia visitar “o mundo” pela primeira vez na minha vida. Então ao serviço de O Comércio do Porto - essa verdadeira escola de jornalismo que acabaria por ser alvo de um outro tipo de terrorismo -, visitei a Cavern e andei pelas mesmas ruas que os Beatles pisaram. Estava feliz. No momento em que João Loureiro discursava num almoçoconv­ívio com os jornalista­s era uma boa prática - os telemóveis começaram a tocar com a notícia terrível. O dono do restaurant­e foi obrigado a mudar para a Sky e a realidade estava ali, terrível, como um verdadeiro teste à nossa capacidade de compreensã­o. Também eu recebi um telefonema do meu filho mais novo, o Cajó , que na inocência do seus 11 anos me dava conta do sucedido e alertava para os perigos de andar de avião. Aquela viagem acabou por ficar marcada pelos piores motivos, daqueles que ficam encaixados na nossa memória para toda uma vida. Mudou muita coisa, e começou logo na madrugada seguinte. O nosso voo, um charter, estava para sair às 23h30, saiu às 4h30, porque primeiro não queriam deixar levantar o avião e depois toda a comitiva foi passada a pente fino, mais os computador­es, telemóveis, malas... Nasceu aí também uma paranóia coletiva com as viagens de avião, o que é natural. Depois daquelas imagens havia muito pouca vontade de entrar num avião e uma grande vontade de voltar para Portugal, onde a vida tem mais piada.

Não foi fácil à comitiva boavisteir­a sair do aeroporto de Liverpool

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