Um plantel para espremer
Ao Sporting terá pesado a falta de Pote, pela ideia que já lhe associamos de eficácia: com ele em campo há golos
Até Rúben Amorim fazer aquele par de substituições medrosas eu pensava: este Porro é tão bom que até me apetece fumá-lo. Em três quartos da partida, o ala espanhol foi o golpe de asa, o fulcro de empolgamento numa coisa chata, com predomínio do Sporting, é verdade, mas sem riqueza estética à altura dos pergaminhos dos dois clubes. A exibição do Porto, então, perdoem-me a contundência, foi vergonhosa: não me lembro de ver a equipa de Sérgio Conceição tão acomodada à ideia de não ser ferida. Na primeira parte, nem um remate enquadrado à baliza! Pensei, sinceramente, que os portistas entrariam a pressionar, pela disposição táctica com que abordaram o jogo, mas desde o início vi um Sporting mais focado e objectivo, saindo a preceito em passes longos que aproveitavam a velocidade de Jovane e, sobretudo, Nuno Santos. Se não fosse a inspiração de Diogo Costa tínhamos ido para o intervalo com uma vantagem mais ampliada. Corona e Díaz foram nulidades, tirando o golo deste último, que parece uma ajuda externa, de tão descontextualizado. Vejamos o filme do desafio: o Porto facturou no único lance de verdadeiro perigo que teve. Ao Sporting terá pesado a falta de Pote, pela ideia que já lhe associamos de eficácia: com ele em campo há golos. Não nos podemos queixar de Neto, que esteve certinho, ao contrário de Feddal, durante a primeira parte apostado em meter a bola nos pés do adversário. Matheus Nunes e Palhinha resolveram tranquilamente a sobrepovoação do meio campo do Porto e Porro fez a diferença, plasmada na assistência para o golo de Nuno Santos, que se tivesse acreditado mais faria outros dois. Ninguém de boa fé poderá negar que o Porto levou de Alvalade um resultado lisonjeiro. A verdade é que, com estas e outras, o Benfica já vai a quatro pontos. Creio que tem ficado à mostra a curteza do plantel do meu clube. Foi uma opção de Rúben Amorim e ele continua a defendê-la cegamente, mas ontem verificou-se que aquilo parecia pele esticada: quem teríamos nós para responder a um eventual golo do Porto nos últimos quinze minutos? Felizmente, o Dragão largava só pólvora seca. Corona estourado, Díaz resumido a um lance saído do nada, Taremi inofensivo – um tridente quase metido no bolso de uma defesa responsável com um patrão do outro mundo, um dos melhores centrais da actualidade: Coates. Pensem no seguinte: o que fez Adán senão, mais uma vez, apreciar o clima lisboeta? Confesso que não assisti à flash interview, mas Sérgio Conceição deve dar-se por muito contente com este empate, caído do céu. Saio daqui confiante para o que falta disputar da época, embora continue a pensar que nalgumas posições, nomeadamente a de ponta-de-lança, precisamos de mais soluções de qualidade. Sarabia nem devia ter entrado: tem tanto a ver com as rotinas da equipa como a reforma agrária com a cor do aperol. Trabalhemos o que temos a trabalhar, daqui para a frente, na certeza de que só dando muito de nós estaremos à altura do que fizemos na época passada. O plantel é curto, não há como negá-lo. Espero que saibamos espremê-lo até Janeiro.