3,5 M€ para colaboradores
Carlos Janela e Hugo Ribeiro terão sido intermediários no acordo entre Vieira e John Textor
O Benfica vai abrir um processo de averiguação interna por alegada participação dos referidos elementos num “negócio respeitante à transação de participações qualificadas da sua SAD”
O negócio para a compra por parte de John Textor, e através de José António dos Santos, principal acionista da Benfica SAD, de 25 por cento do capital social da sociedade encarnada terá contado com a participação de dois colaboradores do próprio clube da Luz fruto da influência de Luís Filipe Vieira, antigo líder das águias. De acordo com o jornal Nascer do Sol, os dois cúmplices de Vieira, líder da operação, segundo o Ministério Público, terão sido Hugo Ribeiro, diretor do Departamento Internacional do Benfica, e Carlos Janela, apontado como assessor de comunicação da SAD, que teriam direito, pela intermediação do negócio, a uma comissão de sete por cento, ou seja, 3,5 milhões de euros, a dividir pelos dois.
Perante estas notícias, o Benfica garantiu que irá investigar de pronto o processo no sentido de apurar essa eventual participação. “Tendo em conta as recentes notícias vindas a público, o Benfica informa que vai iniciar, de imediato, um processo de averiguação interno quanto ao possível envolvimento de dois colaboradores seus num alegado negócio respeitante à transação de participações qualificadas da sua SAD”, divulgou o clube em comunicado.
Questionado por O JOGO sobre o seu alegado envolvimento no negócio, Carlos Janela declinou abordar o assunto. “Não comento situações da minha vida pessoal ou profissional”, referiu, apenas. Em declarações ao Nascer do Sol, Hugo Ribeiro, diretor do Departamento Internacional das águias, desmentiu, por sua vez, o caso. “Isso é completamente falso”, disse.
Ainda segundo
a mesma publicação, Tanto Carlos Janela como Hugo Ribeiro terão funcionado como intermediários do negócio sob total sigilo, sendo que nas escutas telefónicas terá sido intercetada uma conversa entre ambos na qual o primeiro referiu a importância de manter a confidencialidade do processo até para que ninguém na Luz soubesse do desenrolar das negociações.
No comunicado divulgado pela SAD encarnada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários John Textor compromete-se a pagar 8,7 euros por cada ação, no sentido de atingir os 25 por cento do capital da sociedade – com um investimento de 50 M€), num processo que prevê a aquisição da participação de José Guilherme (detentor de 3,37% das ações) e Pedro Martins (com 2%), da Quinta dos Jugais. Contudo, a estes terá sido indicado que o investidor norte-americano só pagaria cinco euros por cada título, sendo que ao segundo terá sido mesmo referido, através de José António dos Santos, conhecido como o “rei dos frangos” que seria necessário baixar o preço de venda para 4,5 euros por título de forma a abrir espaço para as comissões a pagar. Além de Hugo Ribeiro e Carlos Janela também um intermediário inglês, Laurie Pinto, receberia 1,5 M€, sendo que Vieira e o seu amigo José António dos Santos teriam uma mais-valia de cinco milhões.
Ao Nascer do Sol, José Guilherme diz compreender o negócio: “Vendo a quem me aparecer com o dinheiro à frente. O Luís Filipe Vieira até me fez um favor, nunca ninguém me tinha oferecido antes um preço tão alto pelas ações. Disseram-me que era isso [oferta de cinco euros] que o americano pagava, mas não me sinto traído.”