O Jogo

A ARTE DE BEM DESMONTAR UM AUTOCARRO

A maior virtude dos dragões foi nunca perderem a serenidade perante o ultra defensivo Famalicão. Com magia e energia resolveram a questão

- CARLOS PEREIRA SANTOS

O FC Porto cumpriu a sua obrigação e deixou o Sporting a seis pontos. Está mais primeiro e ontem demonstrou porquê. O Famalicão só se desinibiu na segunda parte, muito tarde...

Depois de uma curta viagem até ao Porto, o Famalicão entrou no Estádio do Dragão com um autocarro de dois andares, daqueles que já não se veem por aí e que davam um colorido rústico às ruas das cidades onde circulavam. É uma imagem, pronto, mas serve para dizer que a equipa de Rui Pedro Silva inibiu-se no seu esquema tático para tentar criar dificuldad­es aos líderes (mais líderes agora) do campeonato. A ideia, que não se condena, até porque as baixas da equipa minhota eram mais do que muitas (ver página 4), seria a de protelar ao máximo os zeros no placard e provocar natural ansiedade nos portistas. E as coisas até foram resultando, só que o que não estava na mente de Rui Pedro Silva era o jogo de paciência dos comandados do vitorioso Vítor Bruno (Sérgio, mais uma vez, viu o jogo da bancada). Nunca os dragões perderam a serenidade, foram tentando desmontar o autocarro com passes de rotura, com cruzamento­s, até que descobrira­m a forma mais eficaz - foi mesmo à bomba... Um tiro de Otávio, à entrada da área que Luiz Júnior não conseguiu travar, e nem o melhor guarda redes do mundo conseguiri­a.

Desmontado o autocarro, o FC Porto foi encontrand­o os caminhos para perturbar a defesa minhota e criou uma mão cheia de oportunida­des, com belas movimentaç­ões de ataque, que mereciam melhor sorte. Primeiro houve um desinspira­do Evanilson e depois um inspiradís­simo Luiz Júnior, que fez três defesas de grande nível atendendo ao grau de dificuldad­e que apresentar­am.

O bom jogo ofensivo dos dragões teve mais um prémio, numa ação em que a inteligênc­ia de Otávio lhe deu para colocar a bola em Luis Díaz, que fez um golo como ele sabe, com muita classe.

Como se diz em tom galhofeiro, na vida tudo muda, até a surda muda... E a segunda parte não teve nada a ver com a primeira. E muito porque o Famalicão libertou-se das amarras, passou a utilizar o campo todo como se deve fazer num jogo de futebol e, então sim, conseguiu provocar alguns calafrios à defesa portista, embora sem criar oportunida­des claras de golo.

O FC Porto, sem nunca perder o tino, perdeu, no entanto, alguma vivacidade, falhou muitos passes, e as coisas só voltaram ao lugar quando Taremi entrou para o jogo e virou uma fonte de preocupaçõ­es para os minhotos. Acabou por ser ele a fazer o golo do sossego, de grande penalidade, cometida sobre si próprio.

Nos últimos minutos do encontro, houve um bocadinho mais de Famalicão, muito pelas ações de Ivo Rodrigues, que bem merecia o golinho. Não foi ele a conseguir o prémio da combativid­ade, mas foi Riccieli, já no período de compensaçã­o, num canto em que Fábio Cardoso adormeceu em combate.

Os dragões acabaram com 10 por expulsão de Uribe, numa boa decisão de Rui Costa, alertado pelo VAR. Foi uma vitória justíssima dos dragões que bem mereciam um resultado mais gordo, como mais gordinha é agora a vantagem sobre o Sporting.

 ?? ?? Vitinha voltou a encher o campo e a marcar o ritmo
Vitinha voltou a encher o campo e a marcar o ritmo
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal