Comissão Europeia ao lado da UEFA
SUPERLIGA Vice-presidente da CE dirigiu-se ao Congresso do organismo, em defesa do mérito desportivo e contra “o benefício de uma elite”
Em Viena, a anteceder o Congresso de Lisboa, que será a 5 de abril de 2023, política e futebol apareceram de mãos dadas contra a ideia da Superliga e a favor do mérito desportivo e da defesa das ligas nacionais
No Congresso da UEFA que ontem decorreu em Viena (Áustria), o vice-presidente da Comissão Europeia Margaritis Schinas fez uma declaração em defesa do mérito desportivoe contra“o benefício de uma elite”, uma censura implícita ao projeto da Superliga Europeia. “O futebol europeu deve continuar aberto, deve basearse no mérito desportivo e servir os interesses de toda a sociedade, e não apenas o benefício de uma elite”, declarou através de uma mensagem gravada o político grego, numa tomada de posição que reforça não só a legitimidade do organismoliderado por Alek san der Ceferin mas também as alterações no formato da Liga dos Campeões, anteontem anunciadas pela UEFA. Estas resultaram, para a Comissão Europeia, de um “processo inclusivo de consultas.
Schinas defendeu ainda que o êxito comercial dos principais clubes deve servir para apoiar os que não têm tantos privilégios, com uma aposta num modelo aberto baseado no mérito dos clubes, o cenário certo para a inclusão e solidariedade no futebol. Até a linguagem encontra paralelismo no anúncio da véspera da UEFA, a propósito das mudanças na sua principal competição, com este organismo a realçar o seu “o forte compromisso com o princípio de competições abertas e mérito desportivo, ao mesmo tempo que reconhece a necessidade de proteger as ligas nacionais”.
No discurso que proferiu, o presidente Aleksander Ceferin abordou igualmente a ideia lançada por Real Madrid, Barcelona e Juventus, à qual inicialmente aderiram Manchester United, Manchester City, Liverpool, Arsenal, Chelsea, Tottenham, Atlético de Madrid, Milan e Inter de Milão, embora posteriormente tivessem renunciado. “Penso que esse projeto acabou para sempre, ou pelo menos por 20 anos”, começou por afirmar o líder da UEFA. “Não gosto de lhe chamar Superliga, porque é tudo menos uma Superliga”, prosseguiu o esloveno, evitando, no entanto, comentar o avanço de um eventual procedimento disciplinar contra os três clubes que se mantêm defensores da ideia, referindo que é preciso aguardar e respeitar os tribunais. Está em curso um processo no Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), questionado pela justiça espanhola em relação a um eventual abuso da UEFA da sua “posição dominante” e que deverá ter uma decisão até final do ano.
Aleksander Ceferin defende que a UEFA não tem uma posição de “monopólio”, e, como tal, não infringe as regras da concorrência europeias, na medida em que “ninguém está obrigado a disputar as competições” e que “nenhuma federação é obrigada a ser membro da UEFA”. “Estão no pleno direito de criarem a sua própria UEFA e de disputarem a sua própria competição. Mas é claro, se disputarem outra competição, não podem disputar a nossa”, sublinhou.