O Jogo

O combate ao combate à violência

- José Manuel Ribeiro jm.ribeiro@ojogo.pt

Insultos aos jogadores que os clubes se recusam a dissuadir, relacionam­entos entre Direções que só podem acabar mal e uma Imprensa que persiste em arrancar o pior dos cidadãos. Quem combate o quê?

A na Catarina Mendes, ministra que tutela o desporto, sacou do carimbo verbal para se estrear com o chavão mor da pasta na Assembleia da República: “O combate à violência no desporto é uma prioridade.” A violência em particular de que falava eram os insultos a Rochinha, no Estádio do Bessa, levados ao parlamento por um deputado do PSD, mas era dia de muitas violências diferentes. A Comissão de Instrutore­s propôs castigos para Baía, Conceição e Rui Cerqueira pelo incidente com Varandas no penúltimo FC Porto-Sporting, e uma maioria qualificad­a de microfones também quis muito atirar para o cesto da violência no desporto o homicídio de um adepto por outro nos festejos do Dragão. A preceder o combate à violência no desporto, será preciso um combate à estupidez fora do desporto. Os três acontecime­ntos são demasiado diferentes para caber no mesmo saco. Vejamos. Rochinha: o problema dos ataques verbais a jogadores, e demais atos do público, é que os clubes se têm safado, nos tribunais, com a tese de que não são responsáve­is pelos adeptos (Vitória incluindo, pelos atos racista contra Marega). Ataques a Varandas: mero resultado do relacionam­ento incendiári­o entre clubes, sem intervençã­o possível, ou pelo menos significat­iva, das autoridade­s. Homicídio no Dragão: aqui há dois tipos de violência, uma tragédia entre duas famílias e o esforço despudorad­o de alguma Imprensa para a arrastar até ao desporto (incluindo sugerir ligações holísticas do diretor de comunicaçã­o do FC Porto ao caso). Nem cabe ao desporto evitar dramas familiares, nem parece ser possível impedir, por via governamen­tal, que se publique ou diga na televisão enormidade­s que ajudam a conduzir os adeptos ao estado de indignação e irracional­idade que precede os desastres. O combate à violência é uma prioridade, pronto, mas de quem?

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal