“Porta vai abrir-se de novo”
NÉLSON VERÍSSIMO A terminar a segunda passagem pela “cadeira de sonho”, acredita que terá outra oportunidade com “circunstâncias que permitirão desenvolver outro tipo de trabalho”
Em fim de ciclo, diz que a época “foi um falhanço” pela ausência de títulos, mas destaca a entrega para alcançar os objetivos e aponta as “situações positivas que permitem projetar o futuro”.
Agradecendo a Rui Costa a oportunidade, o treinador lembra que a situação da sua “missão não era muito fácil”.
Que balanço faz desta passagem pelo Benfica?
—Acima de tudo com a consciência que demos tudo e fizemos tudo para conseguir outros resultados. Não posso dizer que foi uma missão bemsucedida porque não conquistámos qualquer título, o presidente já o disse, foi uma época má nesse sentido. Mas temos de olhar ao copo meio cheio, a equipa fez coisas interessantes, nomeadamente a partir do momento em que entrámos. Deixámos uma boa imagem nas competições europeias. A nível interno, o objetivo passaria sempre por chegar ao primeiro lugar. Não conseguindo, seria alcançar o apuramento direto para a Liga dos Campeões, não conseguimos. Consideramos a época um falhanço na medida em que não conquistámos qualquer título, mas houve coisas boas que aconteceram. Marcámos golos consecutivamente durante quatro meses. Houve jogadores que cresceram ainda mais fruto da sua qualidade e do que a equipa lhes proporcionou [ver caixa]. Não conquistando qualquer título, podemos e encontrar uma série de situações positivas que nos permitem projetar o futuro. Há que valorizar isso e seguir em frente.
A porta que agora se fecha já abriu outras janelas?
—O meu futuro não é algo que me preocupe. Não queria deixar de dar uma palavra ao presidente pela oportunidade que me deu, e a nós enquanto equipa técnica para liderarmos esta equipa até ao final da época, a todo o staff que nos acompanhou e sempre acreditou no que fizemos, aos jogadores pelo seu profissionalismo. Temos consciência que nem sempre correspondemos às expectativas dos adeptos, que querem ganhar sempre, mas nós também o queremos. Quero deixar uma palavra de agradecimento e projetar o futuro. Em função do meu conhecimento dos jogadores que existem na formação, o futuro será certamente risonho. É uma questão de oportunidade.
Custa deixar a cadeira de sonho?
—Claro que sim. Já é a segunda vez que passo por esta cadeira de sonho em circunstâncias não muito fáceis, mas tenho a plena consciência que no futuro esta porta irá abrirse noutras circunstâncias que permitirão desenvolver outro tipo de trabalho. Em dezembro, quando entrámos, fizemos alterações, sabendo que não é fácil com o campeonato a decorrer. Existia urgência de resultados e era natural que a equipa não desse a resposta tão efetiva e válida nos primeiros jogos como desejaríamos. Parabéns aos jogadores porque tentaram de todas as maneiras corresponder ao que lhes foi pedido. Termina amanhã [hoje] a segunda passagem, acredito que num futuro próximo essa possibilidade poderá abrir-se novamente.
Sente que agarrou a oportunidade? As pessoas olham para sim como um técnico de qualidade?
—Não era essa a minha preocupação, olhar para mim enquanto treinador. Quando abracei esta missão, mais do que olhar para o que me podia dar olhei para o que podia dar à equipa. Foi sempre essa a minha preocupação. Sentimos que ia ser uma missão difícil mas que era possível. Tudo fizemos para chegar ao final desta liga e desta missão de forma bem-sucedida.
“Temos a consciência que demos tudo para ter outros resultados”
Nélson Veríssimo
Treinador do Benfica